sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sobre o papel das fontes "confiáveis" na agressão midiática



Alberto Maldonado (especial para ARGENPRESS.info)
Faz poucas semanas, a imprensa continental (em diversos espaços e tons) difundiu uma informação proveniente do Departamento de Estado dos Estados Unidos, segundo a qual vários países do mundo, entre eles Cuba,foram novamente "encaixotados" como os promotores do terrorismo, no mundo.


A fonte de informação? Naturalmente, o referido Departamento de Estado que, há anos, tem se arrogado como uma espécie de juiz supremo mundial não só em assuntos de terrorismo mas sobre questões econômicas, de risco, de liberdade e de democracia. Para isso usam seus organismos oficiais a os que os dão o timbre de impolutos; sobre o bem e o mal. Escusado será dizer que os próprios Estados Unidos e seus aliados mais fiéis (como Colombia, México, Chile) jamais aparecem em tais listas apesar de que hajam evidências mais que contundentes que digam exatamente o contrário.
Recordemos:
Em matéria de terrorismo, faz duas décadas que não se tem “filtrado” algum síntoma de que na própria Cuba ou fora dela, se tenham ensaiado atos criminosos deste tipo. Ao contrário, contra Cuba se tem ensaiado toda classe de agressões e de terrorismo da pior espécie. Quase todos eles, originados, financiados, programados, desde os Estados Unidos, especialmente desde a base cubano-americana que recebe anualmente milionários recursos dos contribuintes norteamericanos. Nem as “damas de blanco” nem a “bloguera solitaria”, nem os diligentes correspondentes credenciados para a Ilha, tem assinalado, com provas, um só caso que pudesse pontuar nesta classificação
Ao contrário, os jornalistas cubanos marcam o assassinato do jornalista equatoriano Carlos Bastidas, ocorrido em abril/1958, meses antes do triunfo revolucionário. Esse crime que passou impune, porque seus autores materiais e intelectuais conseguiram fugir para Miami(EUA) quando do triunfo revolucionário (janeiro 1/1959) foi o último que se cometeu na Ilha, contra um jornalista, no último meio-século. Isso, desde logo, não o reconhecem nem o Departamento de Estado; pior, muito pior, a SIP-CIA, e o grupo de diários da América (GDA) ou os meios sipianos do sistema.
Em vez disso, um júri Yankee (o país que se autodenomina o mais livre e justo em todo o mundo) condenou a prisão brutal a CINCO CUBANOS ANTITERRORISTAS (um, à dupla prisão perpétua) por haver cometido “o crime” de espiar para seu país os planos e preparativos TERRORISTAS que a mafia cubano-americana preparava contra a ilha. E, na mesma cidade, passeiam "livres e democraticamente" terroristas e ladrões não só de Cuba como de quase todos os nossos países. Contra eles, a impoluta justiça norteamericana, não só se nega a processar-los como se nega a extraditar-los. Tal é o caso de Luis Posada Carriles, o criminoso e terrorista que é reclamado pela Venezuela para que responda pelos crimes que neste país cometeu antes de que chegasse a revolução bolivariana. E como este assassino, muitos mais.
Aonde quero chegar? Então à demonstrar (com um só fato comprovado, das centenas que os há) que a agressão midiática se dá mediante o recurso de citar fontes de informação “das que não há duvida alguma”, neste caso, o Departamento de Estado dos Estados Unidos. E para que nada deixe a menor duvida de como se manejam estas fontes informativas, até o ano de 2008 funcionava na Europa uma Comissão de Direitos Humanos nada menos que das Nações Unidas, que, religiosamente, incluía (sem nenhum fundamento) à Cuba numa lista de países (todos do “eixo do mal”) que cometiam atos contrários a estes direitos universais. A desfaçatez chegou a tal ponto que a Assembléia Geral das NN.UU. (cerca de 200 membros) resolveu dissolver essa comissão e criar outro organismo que, na realidade, cumpra este propósito com alguma credibilidade.
Sem ir muito longe, o Equador, só porque tem como Presidente, Rafael Correa que tem um discurso crítico, frente ao império e aos "imperiozinhos" de ocasião, por duas ocasiões, em datas recentes, foi classificado entre os países “duvidosos e de risco” por organismos regionais e mundiais.
Contra a Venezuela, o Departamento de Estado, a OEA e suas “relatorías” não se cansam de lançar dardos, sem nenhum fundamento. O mesmo contra Evo Morales e a Bolívia; contra Daniel Ortega e a Nicarágua. Em troca, não dizem nem um pouco ou quase nada contra o Chile, onde ainda existe a repressão antipopular; contra o Perú, onde as forças repressivas massacraram uma manifestação de indígenas orientais e se denunciam atos de corrupção por atacado; muito menos contra a Colômbia, de Álvaro Uribe, e seus “falsos positivos” ou suas valas comuns com mais de dos mil assassinados por seu militarismo reinante. Alguma observação se formula (isso também porque mataram a dois agentes norteamericanos antidrogas) contra o México, onde ocorre a média chocante de dez assassinatos por dia, especialmente nas zonas de fronteira com os Estados Unidos.
Resta claro que o terrorismo midiático na América Latina conta com “fontes de informação” de confiança e de cuja autoridade “ninguém pode duvidar” e, desde logo, os meios sipianos, por sua própria conta, põem também o seu, como essa “reportagem coletiva” que publicaram há um par de meses, os periódicos que formam parte do Grupo de Diários da América (um dos organismos patrocinados pela SIP-CIA) sobre que o narcotráfico se passava, sem obstáculos, no Equador e Venezuela, o mesmo que os denominados “terroristas das FARC e o ELN”. Seríamos ingênuos sem remédio se acreditassemos que essa reportagem nada teve a ver com as agressões midiáticas que se deram contra o Equador e que, logo, quando agonizava o governo de Álvaro Uribe, se projetou contra a Venezuela, “com provas” que foram manipuladas no seio do Comitê Permanente da OEA, que para isso está.
Vamos entendendo agora como operam em nossos países (e por extensão, no mundo inteiro) isso que há um par de anos começou a tipificar-se como “terrorismo midiático” É dizer, instituições locais, regionais e mundiais, que geram acusações infundadas, com frequência ridículas, e os meios –ni cortos ni perezosos- que fazem eco disso e os retransmitem sem mais, a milhões de leitores, telespectadores e radio-ouvintes, como “verdades inapeláveis” que não admitem duvida alguma.
Simples, e simplesmente é parte do que se denomina “terrorismo midiático” um terrorismo midiático que nasceu contra a ex URSS, que se tem desenvolvido sem escrúpulos contra a revolução cubana, que agora “enfrenta sem limites” à revolução Bolivariana de Hugo Chávez, e que arremete contra todo governo (Evo, na Bolivia; Correa, no Equador; Ortega, na Nicarágua; e até à inocente Cristina na Argentina) que “ouse” questionar ao grande império dos EE.UU. ou que duvide das “benesses” do neoliberalismo ou que “atente” contra a “liberdade e à democracia”,
Sobre este último, personagens da famosa OEA, da SIP e até das Nações Unidas não descansam em pretender dizer-nos o que é o bom e o que é o mau no trâmite da lei de comunicação que deve ditar-se por mandato constitucional. E os diários sipianos (com El Comercio de Quito, à testa) são “generosos” em conceder espaços a essas fontes informativas que logo geram editoriais, artigos de opinião, recomendando à Assembléia Nacional que não deixem de tomar em conta tão “sábios conselhos” já que os que se geram a nível local e nacional, não são suficientes.
Tudo para que não se faça uma lei de comunicação, velha tese da direita terrorista na América Latina.

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