quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Willian Waack, da TV Globo, aplica conto do vigário no telespectador



Clique nas imagens para ampliar
Dados do FMI: http://goo.gl/C6RVL
Definitivamente, os pais que quiserem dar uma boa educação para os filhos devem orientá-los para ficarem longe dos telejornais da TV Globo, pois além do péssimo jornalismo, faz mal até para o aprendizado na escola. As crianças e jovens que assistem aprendem errado fatos da História do Brasil.

O Brasil cresceu mais rápido do que os países ricos e se tornou a 6ª economia do mundo, ultrapassando o Reino Unido (Inglaterra + Escócia + Irlanda do Norte + País de Gales, juntos).

Isso aconteceu, incontestavelmente, no governo Lula e no governo Dilma, segundodados do próprio FMI.

Só no dia 26/12/2011, dez dias depois de nosso blog noticiar, o Jornal da Globo resolveu dar a notícia. Ancorado pelo informante da embaixada estadunidense (segundo o wikileaks), Mr. Bill Waack (William Waack) quis contrabandear o FHC para dentro desta história, dizendo que "...desde os anos 1990, com a implantação do Plano Real e o controle da inflação, isso já era previsto...".

Uma ova! Isso é querer aplicar o conto do vigário no telespectador. É um estelionato noticioso. É falsear a história. O Brasil é o "país do futuro" há décadas, mas desde que FHC quebrou o Brasil de vez para se reeleger em 1998, ninguém apostava que iria ultrapassar o Reino Unido tão cedo, como em 2011. Havia previsões lá para 2030, quando criaram a sigla BRICS em 2001.

O que a TV Globo fez é como dizer que a seleção brasileira de Felipão foi campeã do mundo em 2002 graças ao técnico Lazaroni (que perdeu a copa de 1990 na segunda fase).

Vamos recontar essa história, restabelecendo a verdade dos fatos, para impedir que as crianças e os jovens aprendam coisas erradas da história do Brasil por culpa da partidarização da TV Globo.

O Plano Real foi o entreguismo ao consenso de Washington, sob uma reforma monetária, nem tão boa assim, pois o mérito de fato foi estabilizar a inflação, mas em contrapartida implantou-se de vez uma dependência da ditadura dos bancos privados e do capital estrangeiro, que saquearam as riquezas nacionais e suor dos trabalhadores durante a roubalheira da Privataria Tucana, seja através da venda de patrimônio público, seja através da especulação com a dívida pública.

Além de promover o entreguismo, sucateou o Brasil, entregando todas as nossas riquezas e planejamento para a "mão invisível do mercado", que levou à coisas absurdas como o apagão elétrico de meses de racionamento, e entregou o próprio mercado interno para exploração pura e simples por estrangeiros sem compromisso de gerar empregos e riquezas aqui.

Crescimento econômico consistente só veio a acontecer de novo no governo Lula, com investimentos estatais, tais como na Petrobrás e na infra-estrutura, com política industrial, com o consequente aumento do emprego. Outra causa desse crescimento foi a distribuição de renda e inclusão social, além da expansão do crédito, expandindo o mercado interno.

Em 1994, Itamar Franco (o verdadeiro comandante do Plano Real) entregou o país na 7ª posição (segundo o FMI). É verdade que a moeda brasileira (o Real) sobrevalorizado, valendo mais do que o dólar estadunidense, inflava um pouco o PIB (Produto Interno Bruto) computado em dólar, a ponto de colocar o Brasil à frente da China. Mas mesmo se a moeda não estivesse com um valor artificialmente forçado é provável que o país fosse a 8ª ou 9ª economia naquela época.

FHC recebeu o país nessas circuntâncias favoráveis, e não soube aproveitar a oportunidade. Em seus 8 anos de desgoverno demo-tucano, o Brasil só desceu ladeira abaixo, sendo ultrapassado não só pela China (o que era esperado e natural), mas também por países como México, Espanha, Coreia do Sul, Canadá e Índia. Há estudos em que o PIB da Austrália e da Holanda superou o brasileiro em algum trimestre, durante o governo demo-tucano.

O PIB caiu por culpa direta das decisões e escolhas do governo demo-tucano, pouco tendo a ver com conjunturas desfavoráveis.

Quando a Privataria Tucana entregou a Telebras e a Embratel para espanhóis, portugueses e mexicanos, foi o PIB daqueles países que cresceram.

Quando a Petrobrás encomendava plataformas em Singapura e outros países, era o PIB de lá que crescia.

Quando o populismo cambial era usado para reeleger FHC, até coca-cola em lata era importada do México e dos EUA, e era o PIB de lá que crescia, enquanto aqui afundava e gerava desemprego.

Em 2002, FHC entregou o país à Lula rebaixado para a 13ª economia do mundo.

Lula recebeu a herança maldita de FHC, na 13ª posição, quebrado, e entregou para Dilma em 2010 na 7ª posição, com uma economia saneada e sólida, ultrapassando de novo México, Espanha, Coreia do Sul, Canadá, Índia e, pela primeira vez na história, ultrapassou a Itália.

Agora Dilma recebeu a herança bendita de Lula, e também está sabendo conduzir o país, levando-o para a inédita posição de 6ª economia do mundo, em plena crise internacional.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Teria o Galo 'vendido' o jogo à Raposa?


Esse 'post' está no orkut, na comunidade GALOUCURA ♥ ATLÉTICO ♥ GALO, e reparem que é datado de 02/12.

A ser isso verdade, qual a atitude a ser tomada pela CBF?

Não tenho ilusão quanto à pífia campanha de meu Furacão neste brasileirão, que justificasse um 'tapetão', mas a confirmar uma questão grave como essa...

Com a palavra, Luiz Zveiter.

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washington tuo 2 de dez
ATENÇÃO ATLETICANOS... Hoje pela manhã, peguei um
ATENÇÃO ATLETICANOS...


Hoje pela manhã, peguei um taxi e o motorista, Atleticano, começou a
conversar comigo sobre o grande clássico de domingo. Então ele veio me
dizer que antes de eu entrar no taxi dele, ele tinha dixado logo perto
do ce...ntro
de BH um dos conselheiros do cruzeirinho maldito e disse que esse tal
conselheiro lhe disse que a coisa já está toda armada para a bosta do
cruzeiro ganhar.... Disse que ontem teve uma reunião entre Alexandre
Kalil, zezé perrela e Ricardo Guimarães (presidente do banco BMG),
entraram em um acordo para deixar o bosta do cruzeiro ganhar o clássico
de domingo. O negócio foi o seguinte: O banco BMG irá pagar o passe do
Diego Tardelli, que é de 8 milhões, para o Galo, que até semana que vem
já deve ser anunciado a contratação e em troca deixaria o cruzeirinho
ganhar o jogo de domingo. E tem mais: o bosta do cruzeiro irá pagar o
bahia pra vencer o ceará, assim como ele fez com américa, que é tudo
verdade que foi pago 100 mil para cada jogador jogar e ganhar do
atlético paraguaiense. Galera, isso tudo foi dito pelo taxista, que por
sinal estava meio revoltado e diz até que vai parar de torcer depois que
ele ouviu isso do conselheiro do cruzeiro. Então se o Galo perder,
podem ter certeza, foi tudo armação desse povo, tudo por causa de
dinheiro, pois o dinheiro é que move o meio futibolistico.

sábado, 3 de dezembro de 2011

A vida quer coragem


A vida quer coragem (Editora Primeiro Plano), do jornalista Ricardo Amaral, chega às livrarias na primeira quinzena de dezembro. A foto abaixo, inédita, está no livro que conta a trajetória de Dilma Rousseff da guerrilha ao Planalto. Amaral, que foi assessor da Casa Civil e da campanha presidencial, desencavou a imagem no processo contra Dilma na Justiça Militar. A foto foi tirada em novembro de 1970, quando a hoje presidente da República tinha 22 anos. Após 22 dias de tortura, ela respondia a um interrogatório na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro.
A foto de Dilma Rousseff na Primeira Auditoria Militar é uma das inéditas que estão no livro "A vida quer é coragem" (Editora Primera Pessoa), do jornalista Ricardo Batista Amaral, que será lançado dia 15 de dezembro no Rio. .Dilma foi levada à Justiça Militar em novembro de 1970, dez meses depois de ter sido presa e submetida a 22 dias de tortura.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A rede do poder corporativo mundial



    Sem ceder a teorias conspiratórias, pesquisa de instituto suíço revela como transnacionais tornaram-se principal núcleo organizado de poder do planeta
    Por Ladislau Dowbor*
    “There is a big difference between 
    suspecting the existence of a fact and
    in empirically demonstrating it” (1)
    Todos temos acompanhado, décadas a fio, as notícias sobre grandes empresas comprando-se umas as outras, formando grupos cada vez maiores, em princípio para se tornarem mais competitivas no ambiente cada vez mais agressivo do mercado. Mas o processo, naturalmente, tem limites. Em geral, nas principais cadeias produtivas, a corrida termina quando sobram poucas empresas, que em vez de guerrear, descobrem que é mais conveniente se articularem e trabalharem juntas, para o bem delas e dos seus acionistas. Não necessariamente, como é óbvio, para o bem da sociedade.
    Controlar de forma organizada uma cadeia produtiva gera naturalmente um grande poder econômico, político e cultural. Econômico através do imenso fluxo de recursos – maior do que o PIB de numerosos países. Político, através da apropriação de grande parte dos aparelhos de Estado. Cultural, pelo fato da mídia de massa mundial criar, através de pesadíssimas campanhas publicitárias – financiadas pelas empresas, que incluem os custos nos preços de venda – uma cultura de consumo e dinâmicas comportamentais que lhes interessa, e que gera boa parte do desastre planetário que enfrentamos.
    Uma característica básica do poder corporativo, é o quanto é pouco conhecido. As Nações Unidas tinham um departamento, UNCTC (United Nations Center for Transnational Corporations), que publicava, nos anos 1990, um excelente relatório anual sobre as corporações transnacionais. Com a formação da Organização Mundial do Comércio, simplesmente fecharam o UNCTC e descontinuaram as publicações. Assim, o que é provavelmente o principal núcleo organizado de poder do planeta deixou simplesmente de ser estudado, a não ser por pesquisas pontuais dispersas pelas instituições acadêmicas, e fragmentadas por países.
    O documento mais significativo que hoje temos sobre as corporações é o excelente documentário “A Corporação” (The Corporation), estudo científico de primeira linha, que em duas horas e doze capítulos mostra como funcionam, como se organizam, e que impactos geram. Outro documentário excelente, “Trabalho Interno” (Inside Job), que levou o Oscar de 2011, mostra como funciona o segmento financeiro do poder corporativo, mas limitado essencialmente a mostrar como se gerou a presente crise financeira. Temos também o clássico do setor, “Quando as Corporações Regem o Mundo” (When Corporations Rule the World) de David Korten. Trabalhos deste tipo nos permitem entender a lógica, geram a base do conhecimento disponível.
    Mas nos faz imensa falta a pesquisa sistemática sobre como as corporações funcionam, como se tomam as decisões, quem as toma, com que legitimidade. O fato é que ignoramos quase tudo do principal vetor de poder mundial que são as corporações.

    Agindo no espaço planetário, e na ausênciade um governo mundial, poucas empresasmanejam grande poder, sem nenhum controle


    É natural e saudável que tenhamos todos uma grande preocupação em não inventarmos conspirações diabólicas, maquinações maldosas. Mas ao vermos como nos principais setores as atividades se reduziram no topo a poucas empresas extremamente poderosas, começamos a entender que se trata, sim, de poder político. Agindo no espaço planetário, e na ausência de governo mundial, manejam grande poder sem nenhum controle significativo.
    pesquisa do ETH (Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica) (2) vem, pela primeira vez nesta escala, iluminar a área com dados concretos. A metodologia é muito interessante. Selecionaram 43 mil corporações no banco de dados Orbis 2007 (de 30 milhões de empresas) e passaram a estudar como se relacionam: o peso econômico de cada entidade, a sua rede de conexões, os fluxos financeiros e em que empresas têm participações que permitem controle indireto. Em termos estatísticos, resulta um sistema em forma de bow-tie ¸ou “gravata borboleta”, onde temos um grupo de corporações no “nó”, e ramificações para os dois lados: de um deles, as corporações que o “nó” controla; de outro, as empresas que têm participações no “nó”.
    A inovação é que a pesquisa realizou este trabalho para o conjunto das principais corporações do planeta, e expandiu a metodologia de forma a ir traçando o mapa de controles do conjunto, incluindo a escada de poder que às vezes corporações menores detêm, ao controlarem um pequeno grupo de empresas que, por sua vez, controla uma série de outras empresas e assim por diante. O que temos aqui, é exatamente o que o título da pesquisa apresenta, “a rede do controle corporativo global”.
    Em termos ideológicos, o estudo está acima de qualquer suspeita. Antes de tudo, é importante mencionar que o ETH de Zurich faz parte da nata da pesquisa tecnológica no planeta, em geral colocado em segundo lugar depois do MIT dos Estados Unidos. Os pesquisadores do ETH detêm 31 prêmios Nobel, a começar por Albert Einstein. A equipe que trabalhou no artigo entende tudo de mapeamento de redes e da arquitetura de poder que resulta. Stefano Battiston, um dos autores, assina pesquisas com J. Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial. O presente artigo, com dez páginas, é curto para uma pesquisa deste porte, mas é acompanhado de 26 páginas de metodologia, de maneira a deixar transparentes todos os procedimentos. Em nenhum momento tiram conclusões políticas apressadas: limitam-se a expor de maneira muito sistemática o mapa do poder que resulta, e apontam as implicações.
    A pesquisa é de difícil leitura para leigos, pela matemática envolvida. Pela importância que representa para a compreensão de como se organiza o poder corporativo do planeta, resolvemos expor da maneira mais clara possível os principais aportes, ao mesmo tempo que disponibilizamos o link do artigo completo.

    Até agora, havia apenas pequenas amostras nacionais.
    Estudo do ITH pesquisa
     arquitetura da rede internacional
    de propriedade e computa o controle que possui cada ator global

    O que resulta da pesquisa é claro: “A estrutura da rede de controle das corporações transnacionais impacta a competição de mercado mundial e a estabilidade financeira. Até agora, apenas pequenas amostras nacionais foram estudadas e não havia metodologia apropriada para avaliar globalmente o controle. Apresentamos a primeira pesquisa da arquitetura da rede internacional de propriedade, junto com a computação do controle que possui cada ator global. Descobrimos que as corporações transnacionais formam uma gigantesca estrutura em forma de gravata borboleta (bow-tie), e que uma grande parte do controle flui para um núcleo (core) pequeno e fortemente articulado de instituições financeiras. Este núcleo pode ser visto como uma “super-entidade” (super-entity) o que levanta questões importantes tanto para pesquisadores como para os que traçam políticas.”
    Para demostrar como este travamento acontece, os autores analisam a estrutura mundial do controle corporativo. O controle é aqui definido como participação dos atores econômicos nas ações, correspondendo “às oportunidades de ver os seus interesses predominarem na estratégia de negócios da empresa”. Ao desenhar o conjunto da teia de participações, chega-se à noção de controle em rede. Esta noção define o montante total de valor econômico sobre a qual um agente tem influência.
    O modelo analisa o rendimento operacional e o valor econômico das corporações, detalha as tomadas mútuas de participação em ações (mutual cross-shareholdings) identificando as unidades mais fortemente conectadas dentro da rede. “Este tipo de estruturas, até hoje observado apenas em pequenas amostras, tem explicações tais como estratégias de proteção contra tomadas de controle (anti-takeover strategies), redução de custos de transação, compartilhamento de riscos, aumento de confiança e de grupos de interesse. Qualquer que seja a sua origem, no entanto, fragiliza a competição de mercado… Como resultado, cerca de ¾ da propriedade das firmas no núcleo ficam nas mãos de firmas do próprio núcleo. Em outras palavras, trata-se de um grupo fortemente estruturado (tightly-nit) de corporações que cumulativamente detêm a maior parte das participações umas nas outras”.
    Este mapeamento leva por sua vez à análise da concentração do controle. A primeira vista, sendo firmas abertas com ações no mercado, imagina-se um grau relativamente distribuído também do poder de controle. O estudo buscou “quão concentrado é este controle, e quem são os que detêm maior controle no topo”. Isto é uma inovação, diante dos numerosos estudos anteriores que mediram a concentração de riqueza e de renda. Segundo os autores, não há estimativas quantitativas anteriores sobre o controle. O cálculo consistiu em identificar qual a fração de atores no topo que detém mais de 80% do controle de toda a rede. Os resultados são fortes: “Descobrimos que apenas 737 dos principais atores (top-holders) acumulam 80% do controle sobre o valor de todas as empresas transnacionais (ETNs)… Isto significa que o controle em rede (network control) é distribuído de maneira muito mais desigual do que a riqueza. Em particular, os atores no topo detêm um controle dez vezes maior do que o que poderia se esperar baseado na sua riqueza.”

    O núcleo tem imenso poder. Quase 40% do controle  sobre
    transnacionais do mundo está nas mãos de 147 corporações.
    Destas, 3/4 são intermediários financeiros


    Combinando o poder de controle dos atores no topo (top ranked actors) com as suas interconexões, “descobrimos que, apesar de sua pequena dimensão, o núcleo detém coletivamente uma ampla fração do controle total da rede. No detalhe, quase 4/10 do controle sobre o valor econômico das ETNs do mundo, através de uma teia complicada de relações de propriedade, está nas mãos de um grupo de 147 ETNs do núcleo, que detém quase pleno controle sobre si mesmo. Os atores do topo dentro do núcleo podem assim ser considerados como uma “super-entidade” na rede global das corporações. Um fato adicional relevante neste ponto é que ¾ do núcleo são intermediários financeiros.”
    Exemplo de apenas algumas conexões financeiras internacionais. Em vermelho, grupos europeus, em azul norte-americanos, outros países em verde. A dominância dos dois primeiros é evidente, e muito ligada à crise financeira atual. Somente uma pequena parte dos links é aqui mostrada. Fonte Vitali, Glattfelder e Fattiston, http://j-node.blogspot.com/2011/10/network-of-global-corporate-control.html
    Os números em si são muito impressionantes, e estão gerando impacto no mundo científico, e vão repercutir inevitavelmente no mundo político. Os dados não só confirmam como agravam as afirmações dos movimentos de protesto que se referem ao 1% que brinca com os recursos dos outros 99% O New Scientist reproduz o comentário de um dos pesquisadores, Glattfelder, que resume a questão: “Com efeito, menos de 1% das empresas consegue controlar 40% de toda a rede”. E a maioria são instituições financeiras, entre as quais Barclays Bank, JPMorgan Chase&Co, Goldman Sachs e semelhantes (3).
    Algumas implicações são bastante evidentes. Ainda que na avaliação do New Scientist (resenhas em português e inglês), as empresas se comprem umas as outras por razões de negócios e não para dominar o mundo, não ver a conexão entre esta concentração de poder econômico e o poder político constitui evidente prova de miopia. Quando numerosos países, a partir dos anos Reagan e Thatcher, reduziram os impostos sobre os ricos, lançando as bases da trágica desigualdade planetária atual, não há dúvidas quanto ao poder político por trás das iniciativas. A lei recentemente passada nos Estados Unidos, que libera totalmente o financiamento de campanhas eleitorais por corporações, tem implicações igualmente evidentes. O desmantelamento das leis que obrigavam as instituições financeiras a fornecer informações e que regulavam as suas atividades passa a ter origens claras.
    Outra conclusão importante refere-se à fragilidade sistêmica que geramos na economia mundial. Quando há milhões de empresas, há concorrência real, ninguém consegue “fazer” o mercado, ditar os preços, e muito menos ditar o uso dos recursos públicos. Esses desequilíbrios se ajustam com inúmeras alterações pontuais, assegurando uma certa resiliência sistêmica. Com a escalada atual do poder corporativo, as oscilações adquirem outra dimensão. Por exemplo, com os derivativos em crise, boa parte dos capitais especulativos se reorientou para commodities, levando a fortes aumentos de preços, frequentemente atribuídos de maneira simplista ao aumento da demanda da China por matérias primas. A evolução recente dos preços de petróleo, em particular, está diretamente conectada a estas estruturas de poder (4).
    Os autores trazem também implicações para o controle dos trustes, já que estas políticas operam apenas no plano nacional: “Instituições antitruste ao redor do mundo acompanham de perto estruturas complexas de propriedade dentro das suas fronteiras nacionais. O fato de series de dados internacionais, bem como métodos de estudo de redes amplas, terem se tornado acessíveis apenas recentemente, pode explicar como esta descoberta não tenha sido notada durante tanto tempo”. Em termos claros, estas corporações atuam no mundo, enquanto as instâncias reguladoras estão fragmentadas em 194 países, sem contar a colaboração dos paraisos fiscais.
    Outra implicação é a instabilidade financeira sistêmica gerada. Estamos acostumados a dizer que os grandes grupos financeiros são demasiado grandes para quebrar. Ao ver como estão interconectados, a imagem muda, é o sistema que é grande e poderoso demais para que não sejamos todos obrigados a manter os seus privilégios. “Trabalhos recentes têm mostrado que quando uma rede financeira é muito densamente conectada fica sujeita ao risco sistêmico. Com efeito, enquanto em bons tempos a rede parece robusta, em tempos ruins as empresas entram em desespero simultaneamente. Esta característica de “dois gumes” foi constatada durante o recente caos financeiro” .
    Ponto chave, os autores apontam para o efeito de poder do sistema financeiro sobre as outras áreas corporativas. “De acordo com alguns argumentos teóricos, em geral, as instituições financeiras não investem em participações acionárias para exercer controle. No entanto, há também evidência empírica do oposto. Os nossos resultados mostram que, globalmente, os atores do topo estão no mínimo em posição de exercer considerável controle, seja formalmente (por exemplo votando em reuniões de acionistas ou de conselhos de administração) ou através de negociações informais”.

    É óbvio que se trata, sim, de um clube de ricos muito ricos,
    que se apropriam de recursos produzidos pela sociedade
    em relação inteiramente desproporcional ao que produzem


    Finalmente, os autores abordam a questão óbvia do clube dos super-ricos: “Do ponto de vista empírico, uma estrutura em “gravata borboleta” com um núcleo muito pequeno e influente constitui uma nova observação no estudo de redes complexas. Supomos que possa estar presente em outros tipos de redes onde mecanismos de “ricos-ficam-mais-ricos” (rich-get-richer) funcionam… O fato do núcleo estar tão densamente conectado poderia ser visto como uma generalização do fenômeno de clube dos ricos (rich-club phenomenon).”  A presença esmagadora dos grupos europeus e americanos neste universo sem dúvida também ajuda nas articulações e acentua os desequilíbrios.
    Conclusões gerais a se tirar? Não faltam na internet comentários de que o fato de serem poucos não significa grande coisa. Na minha análise, é óbvio que se trata, sim, de um clube de ricos, e de muito ricos, que se apropriam de recursos produzidos pela sociedade em relação inteiramente desproporcional ao que produzem. Trata-se também de pessoas que controlam a aplicação de gigantescos recursos, muito mais do que a sua capacidade de gestão e de aplicação racional. Um efeito mais amplo é a tendência de uma dominação geral dos sistemas especulativos sobre os sistemas produtivos. As empresas efetivamente produtoras de bens e serviços úteis à sociedade teriam todo interesse em contribuir para um sistema mais inteligente de alocação de recursos, pois são em boa parte vítimas indiretas do processo. Neste sentido, a pesquisa do ETH aponta para uma deformação estrutural do sistema, e que terá em algum momento de ser enfrentada.
    E quanto ao que tanto preocupa as pessoas, a conspiração? A grande realidade que sobressai da pesquisa, é que nenhuma conspiração é necessária. Ao estarem articulados em rede, e com um número tão diminuto de pessoas no topo, não há nada que não se resolva no campo de golfe no fim de semana. Esta rede de contatos pessoais é de enorme relevância. Mas sobretudo os interesses são comuns, e não é necessária nenhuma conspiração para que os defendam solidariamente, como na batalha já mencionada para se reduzir os impostos que pagam os muito ricos, ou para se evitar taxação sobre transações financeiras, ou ainda para evitar o controle dos paraísos fiscais.
    O caos financeiro planetário, em última instância, tem uma base muito articulada (tight-net) de poucos atores. No pânico mundial gerado pela crise, debatem-se as políticas de austeridade, as dívidas públicas, a irresponsabilidade dos governos, deixando na sombra o ator principal, as instituições de intermediação financeira. No inicio do pânico da crise financeira, em 2008, a publicação do FMI Finance & Development estampou na capa em letras garrafais a pergunta “Who’s in charge?”, insinuando que ninguém está coordenando nada. Para o bem ou pra o mal, a pergunta está respondida.
    Anexo:
    Abaixo, a lista das primeiras 50 corporações listadas. Note-se que na classificação por setor (NACE Code), os números que começam por 65, 66 e 67 correspondem a instituições financeiras. Lehman Brothers tem direito a uma nota a parte dos autores.
    ——
    Ladislau Dowbor é professor da PUC-SP nas áreas de economia e administração, e consultor de várias agências das Nações Unidas. Autor de Democracia Econômica e numerosos estudos disponíveis online em http://dowbor.org ouhttp://www.dowbor.org/wp – Contato: ladislau@dowbor.org
    Notas
    (1) Há uma grande diferença entre suspeitar a existância de um fato, e demonstrá-lo empiricamente” – Vitali, Glattfelder e Battiston – http://j-node.blogspot.com/2011/10/network-of-global-corporate-control.html
    (2) S. Vitali, J.B Glattfelder e S. Battiston – The Network, of Global Corporate Control – Chair of Systems Design, ETH Zurich – corresponding author sbattiston@ethz.ch– O texto completo foi disponibilizado em arXiv em pré-publicação, e publicado pelo PloS One em 26 de outubro de 2011. A ampla discussão internacional gerada, com respostas dos autores da pesquisa, pode ser acompanhada aqui.
    (3) New Scientist, em português e no original inglês.
    (4) O aumento do risco sistêmico nos grandes sistemas integrados é estudado por Stiglitz em Risk and Global Economic Architecture, 2010,http://www.nber.org/papers/w15718.pdf