sexta-feira, 8 de abril de 2016

"Manual de Redação", por @midiarte

por Marcelo Idiarte

Nas eleições presidenciais de 2014, a empreiteira Andrade Gutierrez doou R$ 14.418.744,00 ao PT e R$ 24.950.451,00 ao PSDB, conforme gráfico abaixo da Transparência Brasil, que se refere aos dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (clique na imagem para ir à página da Transparência Brasil).



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Portanto, foram R$ 10 milhões a mais para o PSDB, que é o partido que a Andrade Gutierrez queria que efetivamente vencesse as eleições de 2014, conforme mostram a série de mensagens de WhatsApp trocadas entre seus executivos às vésperas do pleito, divulgadas agora pelo jornal O Estado de São Paulo (clique na imagem para ir à reportagem completa do Estadão).

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Daí ocorre o seguinte: na delação premiada à Polícia Federal e Ministério Público, esses executivos tucanos da Andrade Gutierrez disseram que os R$ 14,4 milhões doados ao PT seriam propina, e que os R$ 24,9 milhões doados ao PSDB seriam "doação espontânea"...

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Pior não é o telespectador bobinho da Globo acreditar nisso: pior é Polícia Federal e Ministério Público Federal acreditarem que uma empreiteira faria distinção de seus métodos para colocar dinheiro na campanha de alguém.

Na verdade eles não acreditam, ÓBVIO.

Mas como são instituições partidarizadas, estão fazendo o jogo da mídia de transformar em ilegal tudo que envolve PT e legal tudo que envolve o PSDB.

Já começa pelas sutilezas: quando alguém delata um petista, os jornais escrevem "delação premiada"; quando alguém deleta um tucano, os jornais escrevem "acordo de leniência".

Algumas pessoas só vão entender o que é manipulação de imprensa quando começarem a acompanhar regularmente o Observatório da Imprensa, que agora em abril completa 20 anos de um projeto visionário que nasceu dentro do Laboratório Avançado de Jornalismo (Labjor) da Unicamp em 1996.

Só assim vocês nunca mais vão ler jornal do mesmo jeito, como faz questão de lembrar o velho baluarte do jornalismo brasileiro Alberto Dines ao final de cada programa televisivo do OI.

E também não vão assistir noticiários do mesmo jeito, porque vão começar a perceber que certas estratégias editoriais são tão sutis quanto um elefante dançando sapateado.