domingo, 28 de novembro de 2010

A maior infiltração da História, revela os segredos da política externa americana

Do EL PAÍS
O EL PAÍS, em colaboração com outros diários da Europa e dos Estados Unidos, revela a partir de hoje o conteúdo da maior infiltração de documentos secretos à que jamais se tenha tido acesso em toda Historia. Trata-se de uma coleta de mais de 250.000 mensagens do Departamento de Estado dos Estados Unidos, obtidos pela página digital Wikileaks, onde se descobrem episódios inéditos ocorridos nos pontos mais conflitantes do mundo, assim como muitos outros acontecimentos e dados de grande relevância que desnudam por completo a política externa norteamericana, trazem à luz seus mecanismos e suas fontes, deixam em evidência suas debilidades e obsessões, e em conjunto facilitam a compreensão por parte dos cidadãos, das circunstâncias nas quais se desenvolvem o lado obscuro das relações internacionais.


Estes documentos recolhem comentários e informes elaborados por funcionários estadounidenses, com uma linguagem muito franca, sobre personalidades de todo mundo, desvelam os conteúdos de entrevistas do mais alto nível, descobrem desconhecidas atividades de espionagem e expõem com detalhes as opiniões vertidas e dados a partir de diferentes fontes em conversações com embaixadores norte-americanos e o pessoal diplomático desta nação em numerosos países, incluindo a Espanha.

Fica evidente, por exemplo, a suspeita norteamericana de que a política russa está nas mãos de Vladimir Putin, a quem se julga como um político de corte autoritário cujo estilo "personalista-machista" permite identificá-lo perfeitamente com Silvio Berlusconi. Do primeiro ministro italiano se detalham suas "festas selvagens" e se expõe a desconfiança profunda que desperta em Washington. Tampouco mostra a diplomacia estadounidense um grande apreço pelo presidente francés, Nicolas Sarkozy, a quem se segue com grande meticulosidade acerca de qualquer movimento para obstaculizar a política externa dos Estados Unidos.

Os cabos provam a intensa atividade deste país para bloquear ao Irã, o enorme jogo que se desenvolve em torno da China, cujo predominio na Ásia se dá quase por aceito, ou os esforços por cortejar aos países da América Latina na intenção de isolar ao venezuelano Hugo Chávez.

Em ocasiões, as expressões usadas nestes documentos são de tal natureza que podem dinamitar as relações dos Estados Unidos com alguns de seus principais aliados; em outras, podem por em risco alguns projetos importantes de sua política externa, como a abordagem à Rússia ou o apoio de certos Governos árabes.

O alcance destas revelações é de tal calibre que, seguramente, se poderia falar de um antes e um depois no que diz respeito aos hábitos diplomáticos. Esta infiltração pode acabar com uma era de política externa: os métodos tradicionais de comunicação e as praticas empregadas para a consecução de informação ficam postas em dúvida, a partir de agora

Todos os serviços diplomáticos do mundo, e especialmente os dos Estados Unidos, de onde esta infiltração se soma a outras anteriores de menor transcendência com papéis relativos ao Iraque e Afganistão, terão de repensar a partir deste momento seu modo de agir e provavelmente, modificar profundamente suas praticas.

Intensas gestões

Tratando de antecipar-se a este prejuízo, a Administração dos Estados Unidos leva varios dias, desde que soube da existência deste vazamento de documentos, realizando intensas gestões ante o Congresso norte-americano e os Governos de grande parte das nações ante os que tem representação diplomática para informar-lhes sobre o previsível conteúdo dos vazamentos e suas possíveis consequências. O Departamento de Estado enviou no principio desta semana um informe aos principais comitês da Cámara de Representantes e do Senado prevenindo-lhes sobre a situação.

A própria secretária de Estado, Hillary Clinton, tem telefonado nas últimas horas aos Governos dos países mais importante afetados pelo vazamento de informações, entre outros os da China, Alemanha, França e Arábia Saudita, para alertar-lhes do sucedido e oferecer algumas justificativas.

No Reino Unido, Israel, Itália, Austrália e Canadá, entre outros sócios dos Estados Unidos, porta-vozes de seus respectivos ministérios de Relações Exteriores confirmaram que haviam recebido informação da parte dos embaixadores norte-americanos, ainda que não revelassem detalhes sobre os dados precisos que haviam sido postos sobre seus conhecimentos. Não tem havido, contudo, comunicação direta entre a Embaixada em Madrid e o Governo espanhol acerca deste assunto.

O porta-voz do Departamento de Estado, P. J. Crowley, reconheceu que não conhece com exatidão as informações que apareceram nos papéis vazados, ainda que tenha adiantado que "estas revelações são daninhas para os interesses dos Estados Unidos". "Vão criar tensões entre nossos diplomáticos e nossos amigos ao redor do mundo", declarou neste fim de semana.

O Departamento de Estado, que tem negociado com um dos periódicos que hoje publicam os cabos alguns conteúdos particularmente lesivos para seus interesses ou perigosos para certas pessoas, está especialmente preocupado pelo dano que isto pode causar na guerra contra a Al Qaeda em algumas regiões aliadas de forma dissimulada, como Iêmen e Paquistão, assim como os efeitos que podem ter para as difíceis relações com outras potências, como Rússia e China.

Os dois últimos anos

Os documentos -251.287 mensagens que cobrem um periodo até fevereiro de 2010 e, em sua maior parte, afetam aos dois últimos anos- foram facilitados pelo WikiLeaks há várias semanas, além do EL PAÍS, aos diários The Guardian, do Reino Unido; The New York Times, dos Estados Unidos; Le Monde, da França, e ao semanário Der Spiegel,da Alemanha. Estes meios tem trabalhado separadamente na avaliação e seleção do material e põem à disposição de seus leitores aquelas histórias que cada um considere de maior interesse; em alguns casos serão coincidentes, em outros não.

Este processo se tem levado a cabo através de uma exigente condição de não por em perigo em nenhum momento fontes protegidas de antemão ou pessoas cuja vida poderia ver-se ameaçada ao revelar-se sua identidade. Ao mesmo tempo, todos os meios tem feito um esforço supremo para evitar a revelação de episódios que possam supor um risco para a segurança de qualquer país, particularmente dos Estados Unidos, o mais exposto por estas revelações. Por esta razão alguns dos documentos que serão postos à disposição de nossos leitores a partir de hoje aparecerão parcialmente mutilados.

O EL PAÍS não tem estado na origem do vazamento e, portanto, desconhece os critérios com os quais se levaram a cabo a seleção do pacote que finalmente chegou às mãos do diário. Resulta evidente que os papéis analisados não são todos os emitidos no mundo pelo Departamento de Estado no período de tempo compreendido, mas ignoramos se estes são todos aos que tem tido acesso, o WikiLeaks.

Pese isso, o leitor comprovará o valor que em si mesmo encerra o conjunto de documentos facilitados, à margem de que possam existir outros muitos que ainda se desconhecem. Se trata de um material que aporta novidades relevantes sobre o manejo de assuntos de grande repercussão mundial, como o programa nuclear do Irã, as tensões no Oriente Próximo, as guerras de Iraque y Afganistão e outros conflitos na Ásia e na África.

Terrorismo e radicalismo islámico

Também se coletam os movimentos entre os Estados Unidos e seus aliados para fazer frente ao terrorismo e ao radicalismo islámico, assim como detalhes reveladores sobre episódios de tanta transcendência como o boicote da China à empresa Google ou os negócios conjuntos de Putin e Berlusconi no setor do petróleo. De especial interesse são as provas que trazem o alcance da corrução a escala planetária e as permanentes pressões que se exercem sobre os diferentes Governos, desde o Brasil à Turquía, para favorecer aos intereses comerciais ou militares dos Estados Unidos.

Entre os primeros documentos que hoje se fazem públicos, se descobre o pánico que os planos armamentísticos do Irã, incluido seu programa nuclear, despertam entre os países árabes, até o ponto de que alguns de seus governantes chegam a sugerir que é preferível uma guerra convencional hoje, que um Irã nuclear amanhã. Se percebe a enorme preocupação com que os Estados Unidos observa a evolução dos acontecimentos na Turquía e à estreita vigilância a que se mantém ao primeiro ministro, Erdogan.

E, sobretudo, esta primeira leva revela as instruções que o Departamento de Estado tem ensinado a seus diplomáticos nas Nações Unidas e em alguns países para desenvolver um verdadeiro serviço de espionagem sobre o secretário-geral da ONU, seus principais oficiais e suas mais delicadas missões.

Os leitores descobrirão ao acessar às sucessivas crônicas, detalhes insuspeitados sobre a personalidade de alguns destacados dirigentes e comprovarão o papel que desempenham as mais íntimas facetas humanas nas relações políticas. Isto resulta particularmente evidente na América Latina, onde se dão a conhecer juízos de diplomáticos norte-americanos e de muitos de seus interlocutores sobre o caráter, os hobbies e os pecados das figuras mais controvertidas.

Amanhã, o EL PAÍS oferecerá detalhes, por exemplo, sobre as suspeitas de que a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, desperta em Washington, até o ponto de que a Secretaría de Estado chega a solicitar informação sobre seu estado de saúde mental. No mesmo dia se darão a conhecer algumas das gestões que a diplomacia norte-americana tem realizado para repatriar aos presos de Guantánamo, assim como a intensa atividade na Ásia para frear o perigo que representa a Coréia do Norte.

Cabos controvertidos

Entre os cabos com que tem trabalhado este jornal encontram-se informes extraordinariamente controvertidos, como as mensagens do embaixador norte-americano em Trípoli em que conta que o líder libio, Muamar el Gadafi, usa botox e é um verdadeiro hipocondríaco que filma todos os seus exames médicos para analisar-los posteriormente com seus médicos, e relatos com meticulosas descrições da paisagem local, como a que faz um diplomático estado-unidense convidado a um casamento no Daguestão que serve para ilustrar o grau de corrupção nesta região.

Existem cabos de grande valor histórico, como o que revela a aposta da diplomacia norte-americana pelo derrocamento do general panamenho Manuel Antonio Noriega ou o que detalha certos movimentos dos Estados Unidos durante o Golpe de Estado que destituiu a Manuel Zelaya em Honduras, e cabos de enorme interesse sobre acontecimentos atuais, como o que precisa a pressão exercida sobre o presidente de Afganistão, Hamid Karzai, para que contenha os abusos de seus familiares e facilite a governabilidade do país.

No que diz respeito à Espanha, estes documentos registram o enorme acesso da Embaixada dos Estados Unidos à personalidades destacadas do âmbito político e judicial, e sua influência em alguns acontecimentos que tem marcado a atualidade dos últimos anos. Também se descobre o ponto de vista que funcionários estado-unidenses tem da classe política espanhola, assim como o que alguns políticos expressam sobre seus companheiros e adversários.

Em determinados casos, estas revelações teem estritamente o valor que tem a opinião de uma pessoa de posição influente. Em outros casos, se trata de histórias que fornecem pistas para eventos importantes mas que são narrados por uma só fonte: o serviço diplomático dos Estados Unidos. EL PAÍS não pode corroborar todos estes relatos e prescinde de alguns que considerou de credibilidade duvidosa.Mas outros foram certificados e tem funcionado de forma responsável com o país objeto da infiltração com a intenção de causar o menor dano possível. Entre outras precauções, decidiu aceitar os compromissos que o The New York Timesllegue mantém com o Departamento de Estado para evitar a difusão de determinados documentos.

Nem todos os documentos obtidos por Wikileaks tem sido utilizados para a elaboração de nossas informações, e só uma parte deles serão expostos publicamente, independentemente do que a própria WikiLeaks ou os demais meios que tenham recebido o material decidam fazer. Selecionamos tão só aqueles que consideramos imprescindíveis para respaldar a informação oferecida.

As informações foram preparadas e escritas unicamente por redatores de nosso jornal atendendo às nossas exigências particulares de rigor e qualidade. Ao largo de vários dias se irão oferecendo as crônicas que coletem a substância destes documentos, acrescentando-lhes o contexto e a valoração requeridos, assim como suas possíveis reações e consequências.

Algumas destas reações estarão, seguramente, dirigidas a examinar as causas pelas que pode se haver produzido um vazamento de semelhante magnitude. A origem deste problema pode remontar-se aos dias posteriores ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, quando se detectaram algumas falhas de coordenação entre os serviços de inteligência que recomendaram a necessidade de um modelo de comunicação que permitiram aos diferentes responsáveis pela segurança compartilhar dados extraídos pelo Departamento de Estado.


A vitória da blogosfera progressista

Do blog, "O que será que me dá"

Ilustração: Diogo Novaes
Foi mais do que ajudar a eleger Dilma. A comunidade blogueira de esquerda firmou-se como a principal trincheira contra a desserviço da grande imprensa – que invariavelmente atenta contra a verdade. Hoje, para mim, “não dá pra não ler” este grupo de blogueiros diariamente. E fica mais gostoso de ler quando levo em conta que nenhum deles se sustenta através do seu blogue. Muito pelo contrário. Alguns se desdobram para manter a chama acesa ao mesmo tempo em que atendem seus compromissos profissionais. Outros até sustentam financeiramente seus blogues contra os ataques jurídicos que recebem.
Desde a vitória de Lula, em 2002, quando ficou evidente que a mídia usaria todo seu poder de fogo para inviabilizar seu governo, os blogues deixaram de ser apenas espaços pessoais onde centenas de patricinhas, mauricinhos e tarados em geral expunham suas futilidades – quer em formato de diário cor-de-rosa, álbum fotográfico familiar ou coleção de eróticos. Blogar também passou a significar prestar serviço, esclarecer sobre algum assunto específico ou repercutir assuntos de interesse público. No caso dos blogueiros progressistas, ou de esquerda, os autores começaram a denunciar as mentiras e a manipulação dos fatos que os jornais e a TV veiculam, mostrando a verdadeira face de uma mídia que, àquela altura, já estava irremediavelmente destinada a receber o apelido de PIG.
Neste fim de mandato, o encontro histórico de Lula com alguns destes blogueiros resultou numa das raras conversas em que o presidente não esteve refém dos ardilosos truques das entrevistas coletivas que se baseavam no “todos contra um”: por inúmeras vezes durante seu governo, as entrevistas não passavam de verdadeiras emboscadas, usadas para que os “jornalistas” pescassem declarações de Lula que pudessem ser distorcidas, despidas de seu contexto e usadas contra ele e seu governo.
Por mais de duas horas, os “sujos” – como Serra chamou os blogueiros de esquerda – tiveram com Lula uma conversa “limpa”, descontraída e bem humorada. O encontro inédito foi transmitido ao vivo em diversos sites – inclusive em três portais do PIG – e chegou liderar no Twitter. Para quem ainda não viu, o vídeo completo da entrevista está aqui.
A reta final da campanha eleitoral deste ano, infestada pelo esgoto serrista, criou muitos zumbis que vagam por aí babando ódio e preconceito. Mas também criou muitos cidadãos que romperam definitivamente com essa mídia quando ela assumiu a campanha vil do tucano.
Este grupo de blogueiros certamente foi o porta voz de milhões destes brasileiros que, aos poucos, vão deixando de ser órfãos de informação de qualidade enquanto a “mídia antiga” – como foi chamado o jornalismo do PIG no encontro – continua a sangrar audiência de forma irreversível. Não é por acaso que o número de page views do Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim, por exemplo, cresceu 46% de setembro para outubro e atingiu 12 milhões de visitas/mês. Existe um público crescente, interessado por uma informação não contaminada pela mesmice golpista dos quatro principais do PIG.


Por outro lado, é impagável imaginar o que sentiram os jornalistas e blogueiros funcionários da Folha, Veja Estadão e Globo do lado de fora do evento no Alvorada: desta vez eles, os soldadinhos portadores da ideologia excludente das elites, foram os excluídos. E mais ainda: ao noticiarem o evento, reconheceram, mesmo que amargamente, a importância crescente da blogosfera independente e sua influência na opinião pública.
E isso tudo foi pouco.
O encontro simbolizou um cenário onde, a médio prazo, governo e sociedade devem abrir novas portas para promover o diálogo democrático sem que isto se dê, necessariamente, através dos instrumentos da “mídia antiga”. Ao receber o grupo, Lula avalizou a expectativa de que o governo Dilma deverá realizar a regulamentação das comunicações, limitando os monopólios, ampliando a diversidade e incentivando novos produtores e distribuidores. Só assim, teremos a verdadeira e ampla liberdade de expressão.

sábado, 27 de novembro de 2010

Pra que(m) serve a tua paz? (A opinião de Alexandre Haubrich)

Alexandre Haubrich, jornalista, editor do blog Jornalismo B    
(www.jornalismob.wordpress.com)

Homens armados atiram para todos os lados em uma favela carioca. Fortemente
armados. O estrondo dos tiros ecoa junto com os zunidos das balas por todo o morro.
Pessoas caem baleadas. Algumas estão apenas feridas, outras estão mortas. Entre os
milhares de barracos de madeira rodeados por terra, esgoto e sangue, há um em que uma
menina de quatorze anos está sentada ao computador, como você que está lendo esse
texto está agora. Ali ela tenta concentrar-se em uma realidade diferente, tenta ignorar
os tiros e zunidos e gritos e urros e mortes. Ela está lendo um recado que recebeu no
Orkut, ela está vendo um vídeo engraçado no Youtube, ela está lendo este mesmo blog
que você agora lê. De repente ela não está mais. Das suas costas escorre sangue, seu pai
grita, sua mãe chora em desespero. A menina de 14 anos que brincava no computador
foi morta por uma bala que saiu da arma de um policial, saiu da arma do Estado que
deveria protegê-la.

Uma história muito parecida com essa aconteceu essa semana no Rio de Janeiro,
e passou quase batida em meio ao fervor midiático e popular com uma guerra tão
próxima, olha que maravilha, agora o Brasil também tem guerra, podemos curtir mais
esse espetáculo do conforto de nossos lares e imaginar quase em gozo que é longe o
suficiente para nos mantermos protegidos e perto o suficiente para nos dar prazer. Tropa
de Elite 3, agora ao vivo.

Violência do tráfico x violência do Estado
Durante décadas o Estado brasileiro promoveu ações policiais em favelas. O tráfico
de drogas e armas continua, a “violência” que assusta a classe média continua, nada se
resolve. Além disso, a violência social está devidamente estabelecida. Os moradores das
favelas cariocas, como os moradores de todas as periferias das grandes e médias cidades
brasileiras, são violentados dia e noite por criminosos comuns ou institucionalizados.
O Estado violenta os pobres a cada instante. A violência do não acesso à educação, à
cultura, à saúde. A violência do não acesso ao respeito, à solidariedade, ao carinho. A
violência do não acesso à cidade, do preconceito, da exclusão, do nojo das elites que
não tomariam um copo d’água servido em um barraco. A violência que vemos pela
TV é só a mais visível daqui da superfície. Como as revoluções, a violência contra os
pobres não é televisionada.

A atual ação policial em alguns morros do Rio de Janeiro tem sido uma demonstração
de força e truculência, e uma demonstração de como o Estado lida com a pobreza. Sem
distinguir criminosos de não-criminosos, a polícia entra para matar quem passar pelo
caminho. Revira casas que nada têm a ver com o tráfico, desrespeita os moradores
como se estes não tivessem os mesmos direitos que qualquer um. Invadiria dessa
forma casas de classe média? Não creio. Muitos dos chefões do tráfico de drogas e
armas não moram nas favelas, mas em coberturas das zonas nobres do Rio de Janeiro.
Por que essas coberturas não são invadidas da mesma forma? Os traficantes ocupam
áreas da cidade e as transformam em suas propriedades. Milionários fazem o mesmo
em áreas paradisíacas em diversas cidades brasileiras. Por que as mansões que estes
constroem não são invadidas e devolvidas ao Estado? O problema não são os policiais,
é importante explicar. É a estrutura policial, a instituição. A mentalidade, vendida pela
mídia e comprada pela sociedade em quase todas as suas instâncias, remete ao tempo da
escravidão negra: pobre não tem direitos, pobre não é gente. A polícia também compra
essa ideia.

Além dos inocentes assassinados pela polícia, além dos inocentes feridos ou
simplesmente desrespeitados em seus direitos, há os criminosos. Não parece, mas o
Brasil ainda tem leis e ainda tem Judiciário. Que direito a polícia tem de travestir-se de
juiz e executar criminosos a seu bel prazer? Ainda que, em sua cega ânsia vingativa,
grande parcela da conservadora e ignorante sociedade brasileira defenda a pena de
morte, este recurso não é permitido no Brasil. Se em um julgamento não se pode
determinar a execução de um criminoso, por mais grave que seja seu crime, como pode
ser aceito que a polícia mate traficantes como patos de festa junina? A limpeza social
que está sendo posta em prática diariamente e, agora, de forma intensiva, não pode
ser permitida. Além disso, a noção de “guerra” aplicada ao momento cria um clima de
confronto exagerado, que faz crescer ainda mais a violência de lado a lado e reduz a
preocupação com os direitos humanos e com o respeito à vida.

Fique claro: não estou defendendo os traficantes, que oprimem as pessoas através das
armas, executam quando entendem que devem, e, mesmo em ações que “ajudam a
comunidade”, desempenham um papel que não é deles. Exercem o poder através das
armas em um nível de coerção muito maior do que o Estado atual. Porém, de nada
adianta, através de seu caráter de detentor do monopólio da violência legítima, o Estado
agir sobre os criminosos e sobre as comunidades da mesma forma. É claro também que,
em uma situação estabelecida de conflito armado, os policiais precisam se defender,
precisam atirar. Mas a atitude inicial do Estado, ali representado pela polícia, frente aos
criminosos, não pode ser de confronto e busca pela morte do outro. Deve-se combater o
crime. Mas combater o crime não é matar gente. Isso é cometer novos crimes. Combater
o crime é buscar mudanças na sociedade.

A bala de prata contra a violência é a paz
Gostaria de ver o Estado brasileiro invadir as favelas cariocas e todos os grotões de
pobreza armado com livros, estetoscópios e computadores. Essas são as balas de prata
contra a violência não institucional. Essa violência é lamentada sem que se perceba
onde nasce. Com a sociedade capitalista exclusiva, antidemocrática e preconceituosa
por natureza, não há escapatória. A publicidade exalta o consumo, quem não pode
consumir está automaticamente excluído. E esse mesmo que não pode consumir já mora
longe das regiões centrais das grandes cidades, está desempregado ou subempregado,
sofre na pele o preconceito de classe, monstruosamente presente na sociedade brasileira.
Se mora na favela, não é por acaso. Não há lugar no campo por causa dos latifúndios
que excluem, não há lugar na cidade por causa da especulação imobiliária, então o
pobre vai parar nas periferias, isolado, e passa a ser visto com ainda mais preconceito,
e o ciclo se renova. A política costumeira de isolar a pobreza não funciona. Enquanto a
pobreza for mantida apartada da cidade média, não será enxergada nem eliminada, e a
violência seguirá nascendo todos os dias.

A curto prazo é preciso pensar atitudes concretas básicas. A ocupação policial e a prisão
dos traficantes é, sim, necessária, mas deve ser feita com preocupação com os direitos
humanos básicos, em todos os sentidos, desde a atitude com os moradores até as ações
frente aos criminosos. Mas só isso não adianta. A melhoria das condições de vida dessas
pessoas é a única forma de impedir que a violência se prolifere, em suas mais diversas
esferas. Para combater o tráfico de drogas e armas, a legalização de todas as drogas
é um caminho inicial fundamental. Legalização não é liberação, leia bem. O Estado
precisa deter o monopólio das drogas e controlar, dessa forma, seu consumo. Com as
drogas legalizadas, o crime organizado que domina os morros do Rio de Janeiro perde
sua principal fonte de financiamento.

Para resolver o problema em definitivo e em sua esfera mais ampla, porém, é preciso
uma mudança profunda. Econômica, política, cultural e humana. É preciso fazer nascer
um novo homem, que veja beleza na solidariedade, na igualdade entre diferentes, no
respeito a essas diferenças. É preciso fazer nascer uma nova sociedade, com essas
mesmas características do novo homem, começando-se por revoluções educacional e
na saúde, por reformas agrária e urbana radicais, por redistribuição radical de renda. É
dessa forma que o Estado pode atuar contra a violência. O resto é apenas reacomodação,
solução apenas aparente, casual. A verdadeira solução é, como o verdadeiro problema,
estrutural. É difícil? Muito. Mas as verdadeiras soluções não costumam ser as mais
fáceis. Uma das poucas certezas que tenho é que absolutamente todas as ações e reações
sociais são possíveis. A mudança precisa ser muito profunda, uma mudança sistêmica.
Sem isso, temos pouco mais que nada. A paz não pode ser apenas aparente nem para
alguns. Ela precisa ser profunda, permanente, e para todos.

O jornalismo desonesto e o mito do “crime organizado”

Leiam o exelente artigo de Gustavo Barreto que critica a ação das forças policiais cariocas e a cobertura da midia facista que por traz de um discurso de heroismo e esperança ,esconde uma dinãmica perversa e classista . 

Disponível em : 

http://www.consciencia.net/o-jornalismo-desonesto-e-o-mito-do-crime-organizado/ 


Por Gustavo Barreto em 25/11/2010 



O “Jornal da Globo” fechou com chave de ouro o dia de uma emissora empenhada em assustar e desinformar o público, enquanto outras emissoras e rádios acompanharam a tática do pânico. A velha técnica do “Mantenham a calma” seguido de imagens impactantes da violência no Rio de Janeiro é a melhor forma, do ponto de vista da cultura do medo que tenta se impor, de pôr em ação esse objetivo. É como você dizer “Fique à vontade” quando recebe alguém pouco conhecido em sua casa, provocando o efeito contrário. Neste caso é bem pior: trata-se do imaginário social de um conjunto de milhões de brasileiros que está em jogo. E neste caso há consequências políticas. 

Não há dúvidas de que (1) o índice de criminalidade no Rio é muito alto, inaceitável, e que (2) a lógica que rege o projeto da polícia comunitária, que esse governo chama da “UPP” e que outros governos já tentaram com outros nomes, é um bom caminho, desde que proponha de fato a participação da comunidade no processo decisório e que seja mais amplo. Atualmente é um conjunto de projetos-piloto. 

No entanto, estratégias diversas estão em jogo. A saber: 

A. O Governo do Estado, principalmente por meio do governador Sergio Cabral, tenta capitalizar a crise politicamente. Aparece como o “líder destemido” que as pessoas assustadas das classes A e B exigem nessa hora. Ao mesmo tempo, desvia a atenção da plena incompetência do governo nas áreas de educação e saúde – incluindo a recente busca e apreensão na casa de Cesar Romero, o ex-subsecretário-executivo de Saúde, primo da mulher do secretário Sérgio Côrtes e braço direito dele na secretaria. A acusação: fraude em licitação ao contratar manutenção de ambulâncias superfaturada em mais de 1.000%; 

B. Setores mais violentos da Polícia Militar – a banda podre que não quer saber de papo de UPP – ganham carta branca, por conta do clima de medo, para fazer suas velhas e conhecidas “incursões” nas favelas, a política burra do confronto com o “crime organizado”, vitimando cidadãos inocentes e realizando execuções sumárias de suspeitos. O Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, chama isso de “efeito colateral”, enquanto jornalistas passam uma coletiva de imprensa inteira perguntando apenas por “números” e trajetos da PM e do BOPE; 

C. Os principais chefes da Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Secretaria de Segurança Pública vendem a tese deplorável de que os atentados são uma “reação às políticas das UPPs”, e a velha mídia simplesmente engole. O curioso é que as UPPs estão presentes em 13 favelas, de um universo de 1.000 existentes no Rio e região metropolitana. Imagina quando chegarem a 20, 30! Melhor mudar para Miami de uma vez; 

D. A mídia cria uma dinâmica do medo a partir de absurdos sociológicos, como afirmar que o “crime organizado” atual surgiu do encontro entre presos comuns e presos políticos nos anos 70 (tentando vincular militantes de esquerda a traficantes de drogas); separar a cidade em esquemas tipos “eles-nós”, como fez Arnaldo Jabor, ao afirmar que “é preciso apoio da população, principalmente da Zona Sul, pois a periferia já mora dentro da violência” (JG, 24/11/2010) e até mesmo mentir descaradamente, afirmando por exemplo que os “índices de criminalidade estão estagnados no Rio” (editorial de William Waack), o que é mentira, conforme atesta até mesmo um dos maiores críticos do Governo do Estado, o sociólogo Ignácio Cano. Pouco importa para o jornalismo desonesto: o que está em questão é reafirmar o discurso vazio do “A que ponto chegamos!” e o elogio ao “endurecimento” das leis e das ações vingativas, como forma de alívio do medo criado. Não adianta nada, conforme apontou este seminário (em especial a fala do Coordenador do Núcleo de Presos da Polinter no Estado do Rio de Janeiro, o delegado da Polícia Civil, Orlando Zaccone). 
A "polícia comunitária" do Rio de Janeiro, conhecida como UPP, tem coincidentemente um caminho parecido com o das rotas dos grandes eventos internacionais que se aproximam. 

 
Os interesses, portanto, são complexos tal como os nossos problemas. A Zona Sul (parte dela, aquela à qual o Jabor se refere e da qual faz parte) está tão assustada que não consegue raciocinar. Milhares de pessoas são executadas todo ano no Rio de Janeiro, dados absolutamente grotescos. A cobertura é a mesma? Não. “As pessoas lidam com insegurança no Rio de forma cíclica e dramática. Para conviver com o alto nível de violência na cidade, tratam como se ela não existisse. Mas, então, surge um evento de grande repercussão e vira uma pauta central na cidade, todos discutem, é uma grande catarse”, aponta Ignácio Cano. “Sensação de segurança pública é muito diferente da efetiva segurança”, completa o deputado Marcelo Freixo. 

Se fosse de fato uma preocupação, pararia para ler o relatório da CPI das Milícias, concluído no dia 10 de dezembro de 2008. Contém o mapa das milícias, seu funcionamento, seus braços econômicos, a relação do braço político com o braço econômico e o domínio de território. Enquanto as Nações Unidas calculam que o narcotráfico rende 200 mil dólares por minuto, só no domínio das vans no Rio de Janeiro, uma das milícias faturava 170 mil reais por dia. Este é apenas um exemplo. 

Crime organizado, portanto, é isso: um negócio bem organizado. O que torna o crime “organizado” é sua capacidade de se organizar, e não de reagir violentamente. “Em qualquer lugar do mundo, o crime organizado está sempre dentro do Estado, e não fora”, aponta o deputado Marcelo Freixo, que relata sua dificuldade quando tentou instituir a referida CPI neste depoimento. 

O pior é que o número de milícias é, hoje, maior do que em 2008. “O número de territórios dominados por milícias hoje é maior do que o número de territórios dominados pelo varejo da droga”, comenta Freixo. “Eu estranho o silêncio desse governo em relação às milícias, dizendo que o Rio está pacificado, diante do crescimento das milícias”. 

E o poder público tampouco ajuda. O relatório foi entregue pelos membros da CPI nas mãos do prefeito Eduardo Paes. Solicitaram, por exemplo, que a licitação das vans fosse feita individualmente e não por cooperativas. “O prefeito acaba de fazer licitação por cooperativas e não individualmente”, denunciou Freixo. 

Outro fator que aponta o descaso do poder público é o descaso com os serviços sociais que deveriam acompanhar o processo de “pacificação”. “Eu estive no Chapéu Mangueira e na Babilônia. Além da polícia, não há lá qualquer braço do Estado. A creche mal funciona, com o salário atrasado das professoras, o que a Prefeitura não assume. O posto de saúde não tem nenhum médico, nenhum dentista da rede pública do Estado. É mais uma vez a lógica exclusiva da polícia nas favelas – e somente a polícia”, afirmou. O projeto das UPPs está traçando um caminho bem delimitado: setor hoteleiro da Zona Sul, entorno do Maracanã, Zona Portuária e a Cidade de Deus, “única área dominada pelo tráfico em toda Jacarepaguá, que tem o domínio hegemônico das milícias”. 

Danem-se as demais regiões que, como ressaltou Jabor, “já moram dentro da violência”. 

Uma questão social, de classe 

Para quem ainda acha que as questões de classe acabaram, basta comparar a forma como os diversos crimes em nossa sociedade são enfrentados. Para combater crimes financeiros (quando se combate), ninguém entra em agências bancárias rendendo as pessoas e atirando. Nas favelas, áreas com assentamentos humanos extremamente degradados, é diferente. 

Um dos “efeitos colaterais”, na expressão de Beltrame, é a estudante Rosângela Alves, de 14 anos. Seu pai Roberto Alves, ironizou a presença dos policiais militares na unidade de saúde com aplausos: “Parabéns a vocês. Parabéns, Beltrame, parabéns, Cabral. Olha o que vocês conseguiram com isso! Matar uma menina que estava em casa! Sabe o que vocês conseguem com essas operações: matar pobres”. Sem conseguir sair de casa por causa do intenso tiroteio, a mãe da menina, Thereza Cristina Barbosa, acusou em relato ao jornal O Dia a polícia de ter disparado o tiro que matou sua filha. “O tiro que atingiu minha casa partiu de baixo para cima. Minha filha está morta, e eu sequer consigo velar o corpo dela”, lamentou ela, por telefone. (Leia aqui e aqui) 

Como já apontei, o narcotráfico é um negócio como qualquer outro. E rende bastante: dados conservadores das Nações Unidas estimam que o rendimento líquido é de US$ 400 bilhões ano. Um “freela” para se queimar um carro custa entre R$ 200 e R$ 400. “Falo em ‘varejo de drogas’ na favela, e não de traficantes”, reafirma Freixo, apontando que a ponta do sistema – o 1% que está na favela – não tem projeto de poder e qualquer noção de organização criminal, como apontei. “Nunca participaram de juventude católica, de grêmio estudantil, nunca tiveram qualquer noção de coletividade. Sabe quantas escolas públicas existem no Complexo do Alemão? Duas”. 

Conforme afirmou até mesmo um capitão e um dos fundadores do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) – um grupo de policiais fascistas que acreditam que executar sumariamente é uma prática normal, conforme não escondem mesmo em declarações públicas – em uma entrevista hoje (25/11) pela manhã na TV Record: “Os Batalhões da PM não possuem estrutura mínima de inteligência para operar”. 

O deputado Marcelo Freixo deu uma entrevista nesta quinta-feira (25/11) na GloboNews afirmando o óbvio: o número de pessoas portando fuzis não chega a 1% dos moradores. Ele costuma ironizar: “Eu gostaria que no parlamento fosse a mesma coisa: menos de 1% envolvido com o crime. Infelizmente não é assim, mas na favela é”. A polícia tem que agir com responsabilidade diante destes cidadãos. Enquanto isso telespectadores igualmente fascistas comentam pela internet: “Tem que entrar mesmo e enfrentá-los”. De quem estamos falando? 

Freixo, focado na solução do problema, lembra: “Armas não são produzidas nas favelas. Eles vieram de algum lugar. Quantas ações policiais foram feitas na Baía de Guanabara? Quantas foram realizadas no Porto? Eu não me lembro de nenhuma”. É uma constatação que deixa todos os “notáveis” comentadores políticos envergonhados, pois só sabem falar abobrinhas sobre a “coragem” dos policiais em “enfrentar” o crime organizado. Estão focados na política burra do confronto. 

Freixo lembrou ainda, na entrevista de hoje, que essas áreas pertencem ao tráfico de drogas. A área das milícias, conforme descrito anteriormente neste artigo, não foram tocadas – e tão somente por isso não estão reagindo. “Vamos lembrar que esses eventos já aconteceram próximo ao réveillon de 2006. O problema não é esse. A questão é que o setor de inteligência no Rio de Janeiro é muito falho. Para constatar isso basta visitar a DRACO [Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Rio de Janeiro]”, concluiu Freixo. 

Agora, muito pertinentemente alguém poderia se perguntar: e os movimentos sociais nisso tudo? Eles não possuem meios para se comunicar, portanto não fazem parte do cenário político. É tão simples quanto é trágico.

E-mail enviado por uma prima que mora no Rio - #paznorio

Queridos amigos, espero que todos estejam bem!


Estamos aqui no Rio de Janeiro vivendo um momento decisivo em
relação ao possível termino do jugo de bandidos, bandidos que tem mantido
há anos cidadãos cariocas reféns e vivendo acima da lei, do bem e do mal e
que consolidaram a idéia de que eram donos do Estado e de nossas vidas.


Não é nem esta sendo fácil para ninguém aqui esse momento, mas faz-
se necessário e pela primeira vez a população uniu-se aos representantes
da lei em apoio e solidariedade mostrando que precisavam apenas de uma
oportunidade real e segura para participar efetivamente dessa decisão.


Assistindo as notícias na TV Globo, fiquei sabendo que uma criança de
oito anos foi baleada dentro de sua casa invadida por um bandido por se negar
a obedecê-lo na ordem de incendiar um carro para obstruir a passagem dos
policiais, significando para mim que ao negar-se a obedecer mostra estar tendo
a noção do certo, e de que mesmo custando a sua vida ela não se manteria
com um comportamento oprimido e tendo que aceitar para continuar vivendo, a
criança disse chega! 

Creio que podemos como cidadãos cariocas e brasileiros
e principalmente como ser humano ajudar nesse momento da única forma
possível, através da oração, pois acredito sinceramente na orientação de Deus
pra mim o melhor comandante e em sua proteção, mesmo sabendo que tudo
o que esta acontecendo foi e é escolha do homem em todos os sentidos e
pertence ao mundo humano. 

Peço a todos que encontremos um momento ou 
minuto qualquer do nosso dia para pedirmos proteção aos policiais envolvidos,
seus comandantes, aos nossos governantes, e seus familiares. As famílias
e crianças dessas comunidades que se encontram no meio do confronto. E
também em reflexão lembro que até bandido um dia foi bebê e foi amamentado
por uma mãe, tem mãe mesmo que as ignorem e muitos puseram no mundo
filhos não importa em que circunstancia então, penso em incluirmos em nossa
oração um pedido de que o consolo de Deus possa se estender a essas mães
e filhos. Pois haverá libertação, mas não sem sofrimento, medo, pânico e
perdas.

Mas é o limite, não podemos, mais viver sem nosso direito de ir e vir.


Agradeço desde já a todos que entenderem o propósito e intenção desse meu
pedido e possam independente de opção religiosa ou fé entrar nessa corrente
de energia do bem e para o bem, afinal e no final fazemos parte da grande
família da espécie Gente, Humano, e sempre com grande possibilidade de
melhora e evolução...


Um grande abraço!


Cátia Stockler Pureza.

O Rio vai vencer (via @jprcampos)

colaboração de João Campos (@jprcampos)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

1º de Dezembro - #DiaMundialdeLutaContraaAIDS

Na próxima semana, dia 1º de dezembro, o mundo todo celebra o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.


Abrace essa causa! Milhões de pessoas lutam, todos os dias, com um grande problema: o preconceito. Viver normalmente com o vírus HIV é possível, é real, e está cada vez mais comum.

Abrace esta causa! Utilize seu blog, seja parceiro dessa campanha, e mostre a todos que você também acredita em um mundo sem preconceitos: SOMOS IGUAIS!

Para ter acesso ao material de divulgação, entre em contato com comunicacao@saude.gov.br.

Obrigado!
Ministério da Saúde