sexta-feira, 29 de abril de 2011

A República da Farinha – o momento dos grandes partidos políticos brasileiros



Alexandre Haubrich, jornalista e editor do blog Jornalismo B (http://
jornalismob.wordpress.com)

A atuação dos partidos políticos brasileiros hoje pode ser explicada através da farinha.
Já tivemos o Ciclo do Açúcar, o Ciclo do Ouro, o Ciclo do Café. Tivemos até a versão
político-institucional mais chique, mais cheia de fricotes, o café-com-leite, assim com
hífen e tudo. Pois hoje vivemos o Ciclo da Farinha. De sacos diferentes, mas ainda
assim farinha.

Peguemos os mais encorpados partidos do país e vejamos se a farinha não é o elemento
comum entre eles, se não é ela quem norteia os rumos da política nacional. A farinha,
unida a doses variáveis de fermento, é a receita geral, ainda que um ou outro mestre-
cuca da alta elite culinária prefira a farinha que passarinho não come.

O PSDB segue a receita da vovó estrangeira, que vem e volta ao Brasil de acordo com
suas conveniências, mas não gosta muito daqui. De qualquer forma, ela está sempre
em contato, enviando sua mais nova receita aos filhinhos tucanos, nova receita que
é sempre a mesma. Está caduca ou apenas quer fixar bem seus ingredientes na nossa
cabeça? Bondosa. Fato é que o contato é sempre através de cartas, para que venha junto
seu cheiro de enxofre, tão agradável ao olfato das aves de bico longo que habitam essas
paragens.

A receita do PSDB baseia-se, teoricamente, em fazer o bolo crescer para depois dividir.
Mas, cozinheiros amadores que somos, sabemos que em qualquer casa que se preze
quem está na cozinha acaba por decidir o quanto quer comer. Se muitos estão ajudando
a fazer o bolo, muitos comem, irremediavelmente. Se poucos se fecham a sete chaves na
cozinha, fazem um bolo enorme e comem tudo sozinhos.

Mas não veja no PSDB ou em sua avó estrangeira muita criatividade. Com problemas
para manter o peso, os tucanos pouco mais fizeram do que deixar mais light a receita
usada pelo seu primo DEM, receita essa criada pela querida vovó deste último, a Dona
Arena. Essa rigorosa senhora passou a tal receita para o seu filho, o PFL, que repassou
para o DEM. Os passos são mais ou menos semelhantes aos da receita do PSDB,
mas, para fazer o bolo como prefere o DEM, bata bastante. O bolo da Dona Arena
também tem um gosto um tanto adstringente: enrola a língua do vivente, dificulta a
fala. E é preciso comê-lo com cuidado, sem estardalhaço e com um ritual determinado
anteriormente pelo cozinheiro. Caso contrário o cidadão ficará chocado com o que pode
acontecer.

O PT, por sua vez, nunca teve muitas condições financeiras para comer bolo. Comia
terra, mas comiam todos. Desde 2001, essa realidade mudou. O PT ascendeu à classe
média, e ganhou até o direito a fazer seu próprio bolo. Fez, faz, e tem distribuído os
pedaços para mais gente. Mas não deixa mais ninguém entrar na cozinha, e a receita,
que pegou emprestada do PSDB, ganhou apenas um pouco mais de açúcar.

E o PMDB? Bom, esse não sabe cozinhar, mas come o que vier. E pede para repetir.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Banqueiro

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa em sua "limusine" quando viu dois homens à beira da estrada, comendo grama.
Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:
- Por quê vocês estão comendo grama...?
- Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - Por isso temos que comer grama.
- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando- se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também - respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom... Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa...
A grama está com mais de 20 centímetros de altura!
"Quando você achar que um banqueiro (ou banco) está lhe ajudando, não se iluda, pense mais um pouco antes de aceitar qualquer acordo..."

domingo, 24 de abril de 2011

Documentário sobre o golpe em Honduras. Imperdível!

Do Fauna TV
O documentário que nos traz a verdade sobre o golpe em Honduras.
Imperdível!!

sábado, 23 de abril de 2011

A cara da mídia nativa



Sem dúvida o aspecto mais chocante no episódio da blitz da Lei Seca, no Rio, que flagrou Aécio Neves dirigindo com habilitação vencida e metabolicamente impossibilitado de soprar o bafômetro, não foi o fato em si , mas o comportamento da mídia demotucana. Os blindados da 'isenção' entraram em cena para filtrar o simbolismo do incidente,  'um episódio menor', na genuflexão de um desses  animadores da Pág 2 da Folha. Menor?  Não, nos próprios termos dele e de outros comentaristas do diário em questão. Recordemos. Em 24 de novembro de 2004, Lula participou da cerimônia de inauguração de turbinas da Usina de Tucuruí, no Pará. No palanque, sentado, espremido entre convidados, o presidente comeu um bombom de cupuaçu, jogou o papel no chão. Fotos da cena captada por Luiz Carlos Murauskas, da Folha, saturaram o jornalismo isento ao longo de dias e dias. Ou melhor , anos e anos. Sim, em 2007, por exemplo, dois  colunistas do jornal  recorreriam às fotos de Tucuruí para refrescar o anti-petismo flácido do eleitor que acabara de dar um novo mandato a Lula. O papel do bombom foi arrolado por um deles como evidencia de que o país caminhava a passos resolutos para a barbárie: "Só falta o osso no nariz',  arrematava Fernando Canzian (23-07-2007) do alto de sofisticada antropologia social. Sem deixar por menos, Fernando Rodrigues pontificaria em 09-04-2007: "...Respira-se em Brasília o ar da impunidade. Valores republicanos estão em falta. Há exemplos em profusão (...)  em 2004, Lula recebeu um bombom. ... O doce foi desembrulhado e saboreado. O papel, amassado. Da mão do petista, caiu ao chão. Lula seguramente não viu nada de muito errado nesse ato. Deve considerá-lo assunto quase irrelevante. ...Não é. No Brasil é rara a punição -se é que existe- para pequenas infrações como jogar papel no chão. Delitos milionários também ficam nos escaninhos do Judiciário anos a fio (...) Aí está parte da gênese do inconformismo de alguns, até ingênuos, defensores de uma solução extrema como a pena de morte. Gente que talvez também jogue na calçada a embalagem do bombom de maneira irrefletida. São "milhões de Lulas", martelava o jingle do petista. São todos a cara do Brasil..."

Máquina inchada VS. Estado mínimo


Do Consciência.Net

Por João Montenegro em 23/04/2011
Congresso Nacional (Brasília, DF)/camara.gov
Congresso Nacional (Brasília, DF)/camara.gov
Em dez anos, a carga tributária do Brasil subiu cinco pontos percentuais do PIB. A observação foi feita por Míriam Leitão em programa na GloboNews na última quinta-feira (21/4). Ainda segundo a jornalista, entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – teoricamente os mais desenvolvidos do mundo –, o Brasil tem a 14º maior carga tributária, a frente de países como os EUA, Canadá e Espanha.

Anunciada de forma descontextualizada – e, adianta-se, não foi o caso da entrevista da Míriam –, a informação não é necessariamente ruim. Afinal, o pagamento de impostos é fundamental para a manutenção de serviços básicos destinados à população, seja na área de saúde, educação ou segurança.

O (velho conhecido) problema é que, apesar da maciça carga de tributos que incide sobre a renda dos brasileiros, estes não recebem, em contrapartida, o suporte governamental pelo qual estão pagando; ao menos não com qualidade aceitável.

Soma-se a isso o fato de o país ter, principalmente em suas metrópoles – onde se encontra a maior parte da população –, um custo de vida relativamente alto, bastante incompatível com os salários da massa trabalhadora. Desproporcionalidade que é fomentada pelos acintosos níveis de concentração de renda brasileiros, que, há tempos, figuram entre os maiores do mundo.

Agrega-se-lhe ainda que os encargos sobre o consumo são equitativos: essa mesma massa de trabalhadores, que mal consegue se sustentar, paga a mesma quantidade de impostos sobre quaisquer produtos em um supermercado, por exemplo, que as classes mais abastadas.

Em resumo, existe uma máquina estatal inchada que, no entanto, não dá conta dos problemas sociais, e que exerce sobre as costas da maioria dos brasileiros enorme e indelével peso.  Descompasso este que se traduz em sintomas como a informalidade trabalhista, em função do ônus associado à carteira assinada, e a sonegação de impostos – de acordo com um dos entrevistados por Míriam Leitão, de cada R$ 1 arrecadado no Brasil, pelo menos R$ 0,30 estão sendo sonegados.

Neoliberalismo ou Estado forte?
Ao deparar-se com tal cenário, há aqueles que se prontificam a afirmar que medidas de enxugamento do Estado são a resposta para eliminar tamanhas injustiças. Porém, a história nos mostra que a mitigação da participação do Estado na economia tende a descambar para um neoliberalismo selvagem, absolutamente irredutível em suas contas matemáticas, que tratam pessoas como números a serem operacionalizados.

Os tortuosos caminhos que levam a um nível de desenvolvimento, ou melhor, de qualidade de vida, escandinavo, por assim dizer, parecem revolver-se, ao longo do tempo, perante bifurcações existenciais: qual a orientação mais apropriada? Seguir rumo ao Estado mínimo, que, invariavelmente, dá brechas para que a lógica do capital se imponha como legisladora socioeconômica, ou optar pela via do aparato burocrático, que não raro dá lugar à megalomania populista-assistencialista, e a um fisiologismo asqueroso, responsável pela paralisia que impregna diversos braços do Estado em seus mecanismos de auxílio ao povo?

Essas são, sem dúvida, visões radicais (e, até segunda ordem, pessimistas) e não necessariamente correspondentes à realidade brasileira; ao que o país é, politicamente, hoje – a princípio, representado por um Estado forte e atuante e, por isso mesmo, dispendioso – e ao que foi, na década de 90, quando seguiu às riscas as orientações neoliberais do Consenso de Washington. No entanto, expressam o que de pior se abateu e se abate sobre o país em função do perfil de certas políticas adotadas e a forma como foram implementadas.

Se há um mapa que aponte o caminho a ser escolhido, ele dificilmente dará uma indicação óbvia e simples, como “siga pela direita” ou “siga pela esquerda”. A orientação, por mais pragmática, seria abrir nova via em meio às existentes, transpondo para seu projeto o que de melhor serviu às outras duas estradas: seja o asfalto de última geração do caminho à direita, seja a pronta assistência disponível para quem seguia pela esquerda.

Reformas
O Brasil vem, a seu modo, elaborando um projeto sob esses moldes. Contudo, o arcaísmo de sua estrutura política contribui para a recorrência de sintomas neoliberais e, em paralelo, de obsolescências oriundas de Wellfare States falidos, que têm como reflexo a falta de qualidade de vida observada no país – não obstante suas riquezas naturais, demográficas e culturais.

Nada que não possa ser trabalhado via reformas estruturais, a começar pela política, e, por que não, judiciária? É, pois, por meio de recursos e apelações em diferentes instâncias jurídicas que políticos se mantêm no poder, sempre com a certeza da impunidade – um clichê que nunca sai de moda. Será que isso não poderia ser revisto ou aperfeiçoado a ponto de desestimular os chamados crimes de colarinho branco?

Não se espera a total cegueira da justiça, o que seria por demais ingênuo, mas é justo e razoável ansiar por maiores níveis de funcionalidade e imparcialidade no meio jurídico. Isso, talvez, poderia começar pela repressão a relações escusas mantidas entre magistrados e representantes dos poderes Executivo e Legislativo, cuja promiscuidade contamina, epidêmica e endemicamente, diversas esferas de desenvolvimento e fiscalização de políticas públicas.

Antiga revista, "Realidade" vira tema de livro

terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma boa peça da história recente do Brasil: "Manifesto do seqüestro do embaixador americano. Rio (1969)"



De pé, a partir da esquerda: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim,
Onofre Pinto, Ricardo Vilas, Maria Augusta, Ricardo Zarattini e Rolando
Frati. Agachados: João Leonardo, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens
Marchetti e Flávio Tavares. *No dia 4 de setembro de 1969, militantes de
duas organizações que se propunham a derrubar a ditadura através da luta
armada, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de
Outubro (MR-8), capturaram o embaixador dos Estados Unidos numa rua do
bairro de Botafogo, no Rio, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a
divulgação do manifesto abaixo como condição para a devolução do diplomata.
Foi a mais espetacular ação da guerrilha urbana, que se iniciara timidamente
em 1968 e ganhara enorme impulso depois do AI-5. O governo atendeu às
reivindicações dos revolucionários: os presos políticos foram enviados para
o México e o manifesto foi publicado nos principais jornais e divulgado em
todas as rádios e televisões. Libertado o embaixador, seguiu-se feroz
repressão, que levou em novembro do mesmo ano ao assassinato de Carlos
Marighella. líder da ALN e principal dirigente da luta armada contra a
ditadura.*

“Grupos revolucionários detiveram hoje o sr. Charles Burke Elbrick,
embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o
mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros
atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se
arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros
tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde
se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura;
invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los
à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o
justiçamento de carrascos e torturadores.

Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra
revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua
etapa de guerrilha rural.

Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura
e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos. Apareceremos onde o
inimigo menos nos espera e desapareceremos em seguida, desgastando a
ditadura, levando o terror e o medo para os exploradores, a esperança e a
certeza da vitória para o meio dos explorados.
O sr. Burke Elbrick representa em nosso país os interesses do imperialismo,
que, aliados aos grandes patrões, aos grandes fazendeiros e aos grandes
banqueiros nacionais, mantêm o regime de opressão e exploração.
Os interesses desses consórcios de se enriquecerem cada vez mais criaram e
mantêm o arrocho salarial, a estrutura agrária injusta e a repressão
institucionalizada. Portanto, o rapto do embaixador é uma advertência clara
de que o povo brasileiro não lhes dará descanso e a todo momento fará
desabar sobre eles o peso de sua luta. Saibam todos que esta é uma luta sem
tréguas, uma luta longa e dura, que não termina com a troca de um ou outro
general no poder, mas que só acaba com o fim do regime dos grandes
exploradores e com a constituição de um governo que liberte os trabalhadores
de todo o país da situação em que se encontram.

Estamos na Semana da Independência. O povo e a ditadura comemoram de
maneiras diferentes. A ditadura promove festas, paradas e desfiles, solta
fogos de artifício e prega cartazes. Com isso, ela não quer comemorar coisa
nenhuma; quer jogar areia nos olhos dos explorados, instalando uma falsa
alegria com o objetivo de esconder a vida de miséria, exploração e repressão
em que vivemos. Pode-se tapar o sol com a peneira? Pode-se esconder do povo
a sua miséria, quando ele a sente na carne?

Na Semana da Independência, há duas comemorações: a da elite e a do povo, a
dos que promovem paradas e a dos que raptam o embaixador, símbolo da
exploração.

A vida e a morte do sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela
atender a duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado. Caso
contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas
exigências são:

a) A libertação de quinze prisioneiros políticos. São quinze revolucionários
entre os milhares que sofrem as torturas nas prisões-quartéis de todo o
país, que são espancados, seviciados, e que amargam as humilhações impostas
pelos militares. Não estamos exigindo o impossível. Não estamos exigindo a
restituição da vida de inúmeros combatentes assassinados nas prisões. Esses
não serão libertados, é lógico. Serão vingados, um dia. Exigimos apenas a
libertação desses quinze homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um
deles vale cem embaixadores, do ponto de vista do povo. Mas um embaixador
dos Estados Unidos também vale muito, do ponto de vista da ditadura e da
exploração.

b) A publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais
jornais, rádios e televisões de todo o país.

Os quinze prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até
um país determinado _ Argélia, Chile ou México _, onde lhes seja concedido
asilo político. Contra eles não devem ser tentadas quaisquer represálias,
sob pena de retaliação.

A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita
nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos quinze
líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por seu transporte para um
país seguro. Se a resposta for negativa, ou se não houver resposta nesse
prazo, o sr. Burke Elbrick será justiçado. Os quinze companheiros devem ser
libertados, estejam ou não condenados: esta é uma “situação excepcional".
Nas "situações excepcionais", os juristas da ditadura sempre arranjam uma
fórmula para resolver as coisas, como se viu recentemente, na subida da
junta militar.

As conversações só serão iniciadas a partir de declarações públicas e
oficiais da ditadura de que atenderá às exigências.
O método será sempre público por parte das autoridades e sempre imprevisto
por nossa parte.

Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em
cumprir nossas promessas.

Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos
companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos
dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha
as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente.”
Ação Libertadora Nacional (ALN)
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) 

domingo, 17 de abril de 2011

Relatório central ao VI Congresso do Partido Comunista de Cuba (espanhol)


Compañeras y compañeros:
Iniciamos esta tarde las sesiones del VI Congreso del Partido Comunista de Cuba en una fecha trascendental de nuestra historia, el 50 aniversario de la proclamación del carácter socialista de la Revolución por parte de su Comandante en Jefe, Fidel Castro Ruz, el 16 de abril de 1961 al despedir a los caídos en los bombardeos a las bases aéreas el día anterior, como preludio de la invasión mercenaria por Playa Girón, organizada y financiada por el gobierno de Estados Unidos, que formaba parte de sus planes para destruir la Revolución y restablecer, con el concierto de la Organización de Estados Americanos (OEA), el dominio sobre Cuba.
Fidel decía entonces al pueblo armado y enardecido: “Eso es lo que no pueden perdonarnos [...] que hayamos hecho una Revolución socialista en las propias narices de Estados Unidos [...] Compañeros obreros y campesinos, esta es la Revolución socialista y democrática de los humildes, con los humildes y para los humildes. Y por esta Revolución de los humildes, por los humildes y para los humildes, estamos dispuestos a dar la vida”. Fin de la cita.
La respuesta a ese llamado no se hizo esperar y en el enfrentamiento a la agresión varias horas después, los combatientes del Ejército Rebelde, policías y milicianos derramaron, por vez primera, su sangre en defensa del socialismo y alcanzaron la victoria antes de 72 horas, bajo la conducción del propio compañero Fidel.
La Revista Militar que presenciamos en la mañana de hoy, dedicada a las jóvenes generaciones y particularmente la vibrante marcha del pueblo a continuación, son una prueba elocuente de las fuerzas de que dispone la Revolución para seguir el ejemplo de los heroicos combatientes de Playa Girón.
De la misma forma haremos en ocasión del Día Internacional de los Trabajadores, el próximo primero de mayo, a lo largo y ancho del país, para patentizar la unidad de los cubanos en defensa de su independencia y soberanía nacional, conceptos que la historia ha probado que sólo es posible conquistar con el socialismo.
Este Congreso, como órgano supremo de la organización partidista, según se establece en el artículo 20 de sus Estatutos, que reúne hoy a mil delegados en representación de cerca de 800 mil militantes agrupados en más de 61 mil núcleos, en la práctica comenzó el 9 de noviembre del pasado año, cuando fue presentado el Proyecto de Lineamientos de la Política Económica y Social del Partido y la Revolución, cuestión que, como ya se ha indicado, constituye el tema principal del evento, en el cual están cifradas grandes expectativas del pueblo.
A partir de entonces se celebraron numerosos seminarios que sirvieron al propósito de esclarecer y profundizar en el contenido de los Lineamientos y de ese modo preparar adecuadamente a los cuadros y funcionarios, que a su vez encabezarían el proceso de discusión con la militancia, las organizaciones de masas y la población en general.
Durante tres meses, del primero de diciembre del 2010 al 28 de febrero del presente año, se desarrolló el debate, en el cual participaron 8 millones 913 mil 838 personas en más de 163 mil reuniones efectuadas en el seno de las diferentes organizaciones, registrándose una cifra superior a tres millones de intervenciones. Cabe aclarar que en el conjunto de participantes se incluyen, sin haberse definido con exactitud, decenas de miles de militantes del Partido y la UJC, que asistieron tanto a las reuniones de sus núcleos o comités de base como a las celebradas en los centros de trabajo o estudio y además en las comunidades donde residen. Es también el caso de quienes no militan y participaron en sus colectivos de trabajo y posteriormente en los respectivos barrios.
La propia Asamblea Nacional del Poder Popular dedicó casi dos jornadas completas en su última sesión ordinaria, el pasado diciembre, a analizar entre los diputados el proyecto de Lineamientos.
Este proceso puso de manifiesto la capacidad del Partido para conducir un diálogo serio y transparente con la población sobre
cualquier asunto, por sensible que éste fuera, máxime cuando se trata de ir forjando un consenso nacional acerca de los rasgos que deberán caracterizar al Modelo Económico y Social del país.
Al propio tiempo, los resultados del debate, por los datos recopilados, constituyen un formidable instrumento de trabajo, para la dirección del Gobierno y el Partido a todos los niveles, así como una suerte de referéndum popular respecto a la profundidad, alcance y ritmo de los cambios que debemos introducir.
En un verdadero y amplio ejercicio democrático, el pueblo manifestó libremente sus opiniones, esclareció dudas, propuso modificaciones, expresó sus insatisfacciones y discrepancias y también sugirió abordar la solución de otros problemas no contenidos en el documento.
Una vez más se pusieron a prueba la confianza y unidad mayoritaria de los cubanos en torno al Partido y la Revolución, unidad que no niega diferencias de opiniones, sino que se fortalece y consolida con ellas. Todos los planteamientos, sin exclusión alguna, fueron incorporados al análisis, lo que permitió enriquecer el proyecto que se somete a la consideración de los delegados al Congreso.
No sería infundado expresar que, en su esencia, el Congreso ya se celebró en medio de ese magnífico debate con la población. A los delegados nos quedaría en estas sesiones realizar la discusión final del proyecto y la elección de los órganos superiores de dirección partidista.
La Comisión de Política Económica del VI Congreso del Partido, encargada primero de la elaboración del proyecto de Lineamientos, fue responsabilizada después con la organización del proceso de su debate y trabajó en las cinco direcciones principales siguientes:
1. La reformulación de los Lineamientos teniendo en cuenta las opiniones recogidas.
2. Organización, orientación y control de su instrumentación.
3. La preparación minuciosa de los cuadros y otros participantes para la implementación de algunas de las medidas ya en ejecución en estos momentos.
4. Supervisión sistemática a los organismos y entidades encargados de poner en práctica las decisiones derivadas de los Lineamientos y evaluación de sus resultados.
5. Conducción de la divulgación a la población.
En cumplimiento de lo anterior, se reformuló el proyecto de Lineamientos, el cual fue sometido a análisis, los días 19 y 20 de marzo, en sendas sesiones del Buró Político y el Comité Ejecutivo del Consejo de Ministros, con la participación del Secretariado del Comité Central del Partido, los cuadros centro de la Central de Trabajadores de Cuba (CTC) y demás organizaciones de masas y de la Unión de Jóvenes Comunistas (UJC), resultando aprobado en esa instancia, también en calidad de proyecto, que se distribuyó a ustedes para su examen durante tres días en el seno de cada una de las delegaciones provinciales al Congreso, con la intervención activa de los invitados y que será debatido en las cinco comisiones de este evento partidista para su aprobación.
A continuación brindaré algunos datos para ilustrar al pueblo sobre los resultados de la discusión de los Lineamientos, aunque posteriormente se publicará una información detallada.
El documento original contenía 291 lineamientos, de los cuales 16 fueron integrados en otros, 94 mantuvieron su redacción, en 181 se modificó su contenido y se incorporaron 36 nuevos, resultando un total de 311 en el actual proyecto.
Estos números, en simple aritmética, constatan la calidad de la consulta, donde en mayor o menor medida, algo más de dos tercios de los lineamientos, exactamente el 68%, fueron reformulados.
Este proceso se rigió por el principio de no hacer depender la validez de una propuesta de la cantidad de opiniones vertidas. Muestra de ello es que varios de los lineamientos fueron modificados o suprimidos, partiendo del planteamiento de una sola persona o un número reducido de ellas.
Asimismo, es necesario explicar que algunos pronunciamientos no se ven reflejados en esta etapa, ya sea porque se requiere profundizar en la temática, al no disponerse de las condiciones requeridas o en otros casos, por entrar en abierta contradicción con la esencia del socialismo, como por ejemplo, 45 proposiciones que abogaron por permitir la concentración de la propiedad.
Quiero con esto exponer que, aunque como tendencia existió en general comprensión y apoyo al contenido de los lineamientos, no hubo unanimidad ni mucho menos y eso era precisamente lo que necesitábamos, si de verdad pretendíamos una consulta democrática y seria con el pueblo.
Por lo anterior, podemos calificar con total seguridad a los lineamientos como la expresión de la voluntad del pueblo contenida en la política del Partido, el Gobierno y el Estado, de actualizar el Modelo Económico y Social con el objetivo de garantizar la continuidad e irreversibilidad del socialismo, así como el desarrollo económico del país y la elevación del nivel de vida, conjugados con la necesaria formación de valores éticos y políticos de nuestros ciudadanos. Segue...http://www.yohandry.com/index.php/component/content/article/44-cuba/293-texto-integro-del-informe-central-al-vi-congreso-del-pcc

terça-feira, 12 de abril de 2011

Currículo oculto da violência


Redação do Momento Espírita
 
Após atos violentos de grandes proporções, como os ocorridos em setembro de 2001, nos Estados Unidos, e o massacre ocorrido em setembro de 2004, na Rússia, o mundo faz uma pausa para lamentar a violência.
 
As mídias divulgam fotos que comovem até os corações mais endurecidos e geram revolta e desejo de vingança nas mentes belicosas.
 
Mas assim que a imprensa encontra outras matérias com que se ocupar, esses atos caem no esquecimento e só voltam a ser notícia nas retrospectivas de final de ano.
 
No entanto, para as pessoas diretamente envolvidas nessas tragédias o mundo jamais será o mesmo, pelo menos o seu mundo íntimo.
 
São vidas ceifadas, amores arrebatados, sonhos interrompidos, lembranças marcadas, desespero, saudades...
 
E a vida continua...
 
E a violência sobrevive, silenciosa, sobre a face da terra...
 
E se fala em paz...  Nos gabinetes.
 
E se fala em combater a violência, fomentando-se guerras.
 
Até quando conviveremos com essa triste realidade sem tomar uma atitude que promova a paz?
 
Já sabemos que a paz do mundo não se implantará por decretos nem surgirá após a guerra.
 
A cultura da paz deve ser uma iniciativa lúcida, tanto individual quanto coletiva.
 
É preciso criar uma cultura de paz no nosso planeta.
 
Hoje está vigente, no seio da humanidade, o que poderíamos chamar de currículo oculto da violência.
 
Existe uma cultura pró-violência muito sutil e que ganha terreno dia após dia, de forma velada e letal.
 
É uma forma de cultivo da violência que muitas pessoas não se dão conta.
 
Essa cultura está presente no lar, no lazer, nos esportes, nas escolas, nas músicas, nas piadas, nos meios de comunicação, nas canções infantis, nas instituições religiosas.
 
Nas instituições religiosas, sim!
 
Nas violências que mais estarreceram e estarrecem o mundo, geralmente está presente o componente religioso.
 
E isso começa de forma imperceptível, quando um pai de família ou um líder religioso cria barreiras entre os da sua crença e os outros.
 
A criança cresce pensando que quem não é da sua crença é pessoa má, que merece ser rechaçada ou evitada, quando não se diz que é demoníaca.
 
Isso em nome do Cristo, em nome de Deus, em nome de um ideal, em nome da religião, seja ela qual for.
 
O simples fato de se torcer por um time de futebol diferente já é motivo para se criar conflitos... Até mesmo entre pessoas da mesma família.
 
Pessoas que se dizem religiosas e atacam outras instituições, dizendo que o único bem que merece esse título é o praticado dentro da sua fé.
 
Como se o bem não se bastasse por si só e tivesse que ter uma bandeira religiosa qualquer.
 
Briga-se por causa de idéias políticas divergentes... Briga-se pelas mais mínimas coisas.
 
Como diz o cancioneiro popular, “chegou a hora da gente construir a paz, ninguém suporta mais o desamor.”*
 
E para construir a paz é preciso largar as armas...
 
É preciso usar ferramentas adequadas...
 
É preciso falar e agir como pacifista...
 
Usar termos e idéias que enalteçam a paz e não a violência.
 
É preciso adequar a nossa terminologia, numa ação pró-paz.
 
Em vez de dizer “lutar pela paz”, dizer “construir a paz”,
 
em vez de “lutar contra a violência”,fomentar a paz”,
 
em vez de “promover um combate”,fazer um embate”,
 
em vez de “armas de guerra”,ferramentas de paz”.
 
Ensinar nos lares, nas escolas, nas canções, nas mídias, nas pregações religiosas, que a paz é um desejo comum a todos, não importa a raça, a crença, a posição social.  E acreditar nisso.
 
Enquanto não agirmos dessa forma, a paz continuará só no discurso, e a violência ganhará forças, nutrida por esse currículo oculto, sutil e letal, que vige silencioso no seio da humanidade.
 
Pense nisso!
 
Observe o mundo com olhos de paz.
 
Faça a sua parte, que o mundo terá paz.
 
Mas, pense nisso agora!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, inspirado em entrevista de Raul Teixeira, na cidade de Londrina, em 25/09/2004.
 
* Nando Cordel, música Paz Pela Paz.
 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Com o Brasil na rota, David Gilmour deve tocar com Roger Waters na turnê de `The Wall`




Roger Waters disse que David Gilmour deve tocar uma música do Pink Floyd em shows de sua turnê The Wall Live ainda 
este ano. 
As informações são do site da revista musical NME. Depois de uma briga de quase três décadas nos tribunais, 
Waters e Gilmour estão se acertando. 
"Eu acho que estamos começando a nos entender e David Gilmour irá fazer um show", disse o ex-baixista do Pink Floyd, 
Waters. 
"Ele irá tocar Comfortably Numb. O grande segredo é quando isto acontecerá."


A turnê europeia de The Wall Live começa no dia 11 de maio, mas o Brasil está na rota. Waters é apaixonado pelo 

país e há dois anos encenou sua ópera “Ça Ira” no Teatro Amazonas.


Em entrevista para o canal Sky News, Waters também contou que as apresentaçãos na Europa, que apresenta 

um muro de mais de 10 metros de altura na frente dos músicos sendo desmontado ao longo do show, serão um dos 
últimos com esse tipo de produção.


"Eu provavelmente não irei fazer algo tão grande como isso de novo. A tecnologia de projeção que nós temos usado 

nos shows é de tirar o ar", disse.


Em julho do ano passado, Roger Waters e David Gilmour se reuniram para 200 pessoas na festa de caridade 

Hoping For Palestine, no Reino Unido. Esta foi a primeira reunião dos líderes do Pink Floyd desde o festival 
Live 8 em 2005.

"Quem gosta de sertanejo universitário come cocô”, diz Lobão


"Quem gosta de sertanejo universitário come cocô”, diz Lobão


O cantor e compositor Lobão disse a jornalista Lorena Calábria que "as pesssoas não sabem mais o que é rock n` roll. 

Cara, esse agrobrega, esse sertanejo `universotário` é uma demência. Você pode até gostar, mas come cocô. 

Isso é cocô para se comer", afirmou.


Ele está lançando uma caixa com todos os seus CDs pela Sony. Sobre mercadão e underground, dualidade que 

sempre aparece quando o assunto é Lobão, o cantor acredita que as bandas do "cenário independente" devem 

sempre buscar o estrelato. "Eu sou um cara que faz música para tocar no rádio. Sou um hit maker. (...) 

Eu não sou independente, estou independente, porque eu fui `by passado`", comentou, em referência ao 

jabá nas rádios, tema que o cantor sempre levanta quando pode.


O cantor disse também que acredita que o sentido da vida seja "pra cima e pra frente" e não concorda com a ideia 

de refazer parcerias e só vangloriar o passado. "Hoje em dia, temos grandes artistas também. Cascadura, 

Macaco Bong e Pata de Elefante", afirmou.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vi o O Dia que durou 21 anos, estreia dias 4,5 e 6 de abril, às 22h, na TV Brasil


Oi, 

Tive o prazer de comparecer, assim como vários blogueiros progressistas da 
cidade do Rio de Janeiro,  a pré-estréia do documentário "O Dia que durou 21 anos", 
de Camilo Tavares, na última 5ª feira, dia  31 de março, às 18 h, no Espaço Cultural TV Brasil/Rádio MEC.

 

O filme aborda o golpe civil, militar, midiático  e internacional de 1964, 
que ocorreu no Brasil e está completando 47 anos, hoje, dia 1 de abril de 
2011.

 

Um filme de dar orgulho e tristeza, orgulho, pela qualidade e capacidade de 
fazer um ótimo documentário, pelas denúncias e novos dados inéditos, 
apresentados, tristeza, pelo que fizeram pela nossa história,  o filme 
aborda com profundidade e  riqueza de detalhes, a participação dos EUA 


no golpe, utiliza, dentre muitas outras fontes, dados de 
arquivos, do referido período, recentemente  liberados pelos  EUA . 



É um filme par a ver, rever e debates e quem sabe no futuro, mover um 
processo coletivo e internacional contra os EUA, pelo que fez com o nosso 
país, com que direito ? 

Fizeram, fazem e pretendem continua fazendo, é um 
filme atualíssimo, retrata o passado, mas parece que está falando do hoje. 

O filme será exibido nos dias 4,5 e 6 de abril, às 22h, na TV Brasil.
 

Para sintonizar nos canais abertos, parabólicas  e tv por assinatura 
consulte: 


Trailer 

Solicito divulgar. 

Carlos R. S. Moreira ( Beto ) 

A Ditadura brasileira ainda viva – a cidadania torturada

gravura extraída do blog jaderresende.blogspot.com

por Alexandre Haubrich, jornalista, editor do blog Jornalismo B 

Aos quatro anos de idade, Edson Teles entrou em um prédio na Rua Tutóia, no bairro
do Paraíso, em São Paulo para encontrar os pais, que não via há alguns dias. Simpáticos
nomes o da rua e o do bairro. Edson ouviu a voz da mãe chamando seu nome, mas,
quando se virou, não reconheceu o rosto e o corpo que portavam aquela voz. Em
seguida, encontrou o pai, em outra sala, sentado em uma cadeira aparentemente normal
para uma criança. Mas havia cintas de couro nos braços da cadeira. Era 1972, e Edson
visitava os pais no DOI-CODI, centro da repressão da Ditadura Militar brasileira. “Meu
filho perguntou 'por que o pai é verde?' e minha filha perguntou por que eu estava azul”,
contou anos atrás a mãe de Edson, Maria Amélia de Almeida Teles.

Na última semana, em um seminário em Porto Alegre, Edson desabafou: “me
envergonho de ser brasileiro. Oferecemos o Brasil para ser paraíso dos torturadores.
Se torturarem em nome do Estado, aqui são anistiados”. E Edson e sua irmã Janaína
não são um caso raro. Muitas crianças viram seus pais serem torturados pelo Estado
brasileiro que, entre 1964 e 1985, impôs a seus cidadãos o fim da cidadania e de
qualquer possibilidade de dignidade. Socos e pontapés eram carinhos. A violência vinha
através de choques elétricos por todo o corpo, afogamentos, fuzilamentos simulados.
Homens e mulheres, muitas vezes nus, eram pendurados em paus-de-arara, humilhados
de todas as formas, reduzidos a nada. E se Edson e Janaína não são um caso raro, e
tampouco a tortura a que foram submetidos seus pais foi um caso raro, também não foi
a tortura a única forma pela qual cidadãos brasileiros foram agredidos por seu próprio
Estado.

Assassinatos e sequestros também eram comuns. Sim, hoje ainda são. Mas, naqueles
anos, quem cometia esses crimes era o Estado, e os cometia como Estado, não apenas
através de indivíduos que corrompiam as instituições. O Estado e seus agentes eram
os criminosos, os assassinos, sequestradores, torturadores. Brasil nunca mais. Muitos
cidadãos brasileiros foram obrigados a fugir do país. Deixaram para trás seu lugar e
seus familiares, amigos, colegas. Deixaram para trás toda uma vida para começarem a
construir outra longe daqui.

O silêncio, para os militares e civis que referendaram o Golpe de 1964, era a causa
pela qual lutavam. Gritos? Permitidos apenas nas salas de tortura, e apenas gritos de
dor. Parte significativa da imprensa apoiou a Ditadura de seu início até as portas de seu
fim, quando percebeu que, ou abandonava o moribundo, ou morreria junto. A outra
parte da imprensa, porém, a parte séria, viu muitos de seus representantes torturados,
desaparecidos ou acuados. O fetiche do silêncio.

Derrubada a democracia que se aprofundava no governo João Goulart, os golpistas
não queriam mais saber de política, apenas de poder. Um professor falando sobre
política em aula poderia ser denunciado por um aluno como terrorista. A mesma
coisa em conversas de bar ou de qualquer lugar. O risco de tortura, assassinato

ou “desaparecimento” sempre iminente. Se antes a política já era afastada do povo, em
64 o Estado tirou do povo o direito de se aproximar da política.

Com a chamada “abertura democrática” da década de 1980, não acabou-se
verdadeiramente com a Ditadura. Até hoje suas sobras contaminam a vida dos
brasileiros. A herança da Idade das Trevas tupiniquim está no autoritarismo e na
violência policial, na despolitização popular, na agressividade da direita, na ignorância,
no conservadorismo moral preconceituoso, racista, machista e homofóbico. Esses
resquícios sobrevivem também no imaginário demente de alguns políticos e alguns
militares que anseiam pela reinstitucionalização de todos esses absurdos.

Continuam dominando importantes setores do país as pessoas que financiaram e
apoiaram de diversas formas a Ditadura Militar. Grandes empresários, destacados
políticos, graduados militares. Os donos da comunicação brasileira também entram
nesse bolo. É por tudo isso que, enquanto nossos países vizinhos agem para limpar a
sujeira deixada por suas respectivas ditaduras – sem varrer essa sujeira para baixo do
tapete –, aqui o silêncio segue imposto.

É para punir os responsáveis pelo massacre da cidadania brasileira que é necessário
revisar a Lei da Anistia, assinada em 1979, que, ao mesmo tempo em que beneficiou
quem lutava por um Estado democrático, absolveu automaticamente as pessoas que,
em nome do Estado brasileiro, cometeram todos os tipos de crime. A tortura e o
assassinato em nome do Estado foram permitidos, o que configura uma arbitrariedade
e um desrespeito aos brasileiros representados por esse Estado. Os cidadãos que
lutaram contra a Ditadura Militar já foram fortemente punidos das mais diversas formas
ainda durante aquele período. Os representantes dessa Ditadura, não. Além disso, a
Lei da Anistia foi aprovada pelos opositores ao regime com uma arma na cabeça. Da
mesma forma que obtinham confissões através da tortura, os governantes de então
impuseram sua própria imunidade como condição para deixarem o povo brasileiro ser
re-empoderado minimamente.

A abertura imediata de todos os arquivos da Ditadura Militar e a ampla divulgação
de seu conteúdo, assim como o trabalho de resgate histórico do que vivemos, é outra
obrigação do Estado brasileiro. Os cidadãos têm o direito de conhecer sua própria
história, a história de seu país. Se o Estado é uma instituição da sociedade, e esta é
formada pelo conjunto dos indivíduos, o Estado somos nós, e nós temos o direito de
conhecer a verdade e o dever de lutar por esse direito. Para que não corramos o risco
de retornar àquela situação de terror precisamos saber detalhadamente o que nos levou
a ela o que a manteve por tanto tempo. Só assim, com a punição dos gerentes da nossa
Idade das Trevas e com o direito à verdade, poderemos realmente encarar de frente as
heranças daquele tempo que ainda nos assombram.