segunda-feira, 14 de junho de 2010

GLOBO DEIXA ASSINANTES NA MÃO

do Direto da Redação
Como acontece de quatro em quatro anos, os estimados 4 milhões de brasileiros espalhados pelo mundo se vestem de verde e amarelo e tentam reviver no exterior o clima de emoção que toma conta do Brasil nestes dias de Copa do Mundo. Os gringos de um modo geral não entendem a razão de tanta euforia que sempre acaba em samba. 

E mais uma vez, a Globo Internacional decepciona seus 550 mil assinantes (informação da própria) deixando de transmitir os jogos da Copa. Esses 550 mil saudosistas pagam mensalidade de quase 30 dólares para ter o sinal da emissora, mas na hora do filet mignon, como as grandes competições internacionais, ficam na mão. A emissora alega que não dispõe dos direitos internacionais de transmissão. Isso acontece também nas transmissões da Fórmula 1 e outras “atrações” como o tal BBB (pelo menos alguma coisa positiva).

Ora, a Globo não dispõe dos direitos porque não quer ou porque está se lixando para os imigrantes brasileiros. Para corroborar esse argumento, basta lembrar que na véspera da última Copa do Mundo apareceu na mídia brasileira nos Estados Unidos, com grande estardalhaço, a propaganda de lançamento de um canal em português, uma tal RBTI, que anunciava sua estréia com a transmissão dos jogos da Copa ao vivo.

Mais que depressa a Globo se antecipou e adquiriu os direitos deixando a tal RBTI a ver navios e proporcionando aos brasileiros a oportunidade de “matar a saudade” do Galvão Bueno, o torcedor número um do Brasil. Foi só aquela vez, uma única vez, quando a emissora da família Marinho se viu ameaçada.

O episódio deixou evidenciado que dinheiro para adquirir os direitos a Globo tem. O que ela não tem é respeito por seus assinantes no exterior, que são obrigados a engolir uma programação Frankstein com pedaços da Globo misturados a outros de seus inúmeros canais a cabo.

Este ano, entretanto, a novidade nos Estados Unidos é que pela primeira vez um canal americano, a poderosa ESPN, resolveu arriscar e investir no futebol transmitindo todos os jogos da Copa. Quando não ela, sua parceira ABC, ambas da mesmo grupo empresarial.

É uma tentativa de popularizar o soccer (como que eles chamam o nosso futebol), um processo que começou há décadas com a contratação de Pelé e Carlos Alberto pelo Cosmos de NY e continuou com a contratação do inglês Beckham, há uns cinco anos.

Aparentemente, as duas tentativas não trouxeram o milagre da multiplicação de fãs, como esperavam os investidores americanos. Pelé, apesar do carisma e de milionária campanha de mídia, não teve êxito e Beckham passou mais tempo fazendo propaganda de cueca do que gols. Acabou vaiado pelos torcedores de sua equipe, o Los Angeles Galaxi, e foi emprestado ao Milan da Itália, onde também pouco tem jogado.

Mas os gringos nunca jogam para perder. Se o grupo ESPN-Disney-ABC resolveu bancar o soccer é porque têm esperança de que podem lucrar com o direito de transmissão dos jogos da Copa.

A narração e os comentários deixam a desejar. O comentarista, que não fala mais do que uns dois minutos no intervalo e no fim de cada jogo, é um ex-lateral da seleção americana de 1994, Alexi Lalas. E o narrador é um profissional da emissora que transmite outros esportes e teve que fazer um curso rápido para entender melhor as regras do nosso “violento esporte bretão”, como dizia se não me engano o narrador Waldir Amaral. (*)

Além da transmissão em inglês pela ESPN, o imigrante pode assistir aos jogos em espanhol pela Univision, poderosa rede mexicana que cobre os EUA de costa a costa. Sua transmissão, ao contrário da sobriedade da ESPN, é narrada e comentada com o jeito hispânico de ser, “caliente”, com gritos escandalosos e gozações de seus profissionais.

Agora é torcer pelo Brasil e para que a Globo na próxima Copa tenha mais consideração com seus assinantes internacionais.



Por último, mas não menos importante, quero deixar aos leitores o convite do meu consideradíssimo amigo e sofredor vascaíno como eu, Moacir Japiassu, para que acessem um novo e promissor site da revista Football da qual ele é o Diretor de Redação. O endereço é http://www.revistafootball.com.br 



(*)Meu colega Roberto Porto, que entende de futebol muito mais do que este escriba, esclarece que a frase "o velho e violento esporte bretão" é da autoria de Luis Mendes, ainda hoje comentarista da Rádio Globo, que acaba de completar 86 anos

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