terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Existem muitas contradições na história de Yoani Sánchez, que todo jornalista honesto e profissional deveria salientar


Excerto de entrevista de Salim Lamrani, dada ao final de 2011 em Miami, cuja íntegra, você encontra aqui.


EG: Professor Salim Lamrani, você entrevistou faz algum tempo a multipremiada, eu diría a plusmarqueteira dos premios em Cuba que é Yoani Sánchez; você publicou uma entrevista que foi repercutida em muitos meios de comunicação. Depois Yoani tratou de dizer que a entrevista havia sido manipulada por você. Depois soubemos que supostamente o Presidente Obama lhe havia respondido umas perguntas, que finalmente foi o próprio Jonathan Farrar, embaixador, quem escreveu as perguntas e as respostas. 
Yoani nos dizia que havia enviado as perguntas ao Presidente Raúl Castro; depois soubemos por Wikileaks que nunca havia enviado o questionário. E, finalizando, que ela ia demonstrar que você havia manipulado aquela entrevista com ela. Gostaria de uma visão sua a esta altura do tempo, sobre aquele momento com Yoani Sánchez e sobre as declarações que não deixa de fazer Yoani Sánchez. Yoani Sánchez tem uma capacidade para surpreender-nos, incrível!

SL: Bem, Yoani Sánchez, com respeito à entrevista que eu lhe fiz, teve três versões diferentes. Primeira versão que publica em seu blog, é que foi um bate-papo agradável. A segunda versão foi que a entrevista havia sido mutilada. Ou seja, que eu havia censurado coisas que ela havia dito. A terceira versão foi que eu tinha inventado respostas; então eu desafiei a Yoani Sánchez e lhe repito outra vez, é que ela publique em seu blog as respostas que eu tenha inventado. Se as publica e eu não publico as gravações, ficarei mal. Eu sigo de modo atento o que publica Yoani Sánchez e me dei conta de que havia desmentido coisas sobre o embargo, sobre Batista, que estão na entrevista; e sobre "Los 5". O que disse em um artigo que eu publiquei que se chama “La diplomacia norteamericana y la disidencia cubana”, foi publicar precisamente tudo o que ela havia negado. Convido a que siga negando o que eu tenha inventado e se eu não publicar o que ela nega, eu vou estar errado.

-EG: Você a está desafiando?

-SL: Eu estou a desafiando, claro. A que faça isso em seu blog, ou em declarações na imprensa como eu fiz.

-EG: O certo é que a imprensa parece que tomou uma posição comum, de que além de todos esses prêmios que tem, que nada que critique a Yoani Sánchez se publica; é como se Yoani Sánchez fosse o filho pródigo, a Santa Madalena, não sei… A imprensa censura as críticas a Yoani Sánchez.

-SL: E nisso eu… Talvez tenha sido eu o único jornalista que lhe tenha feito uma entrevista sem complacência. E eu lhe permití que expressasse seus pontos de vista. Existem muitas contradições na história de Yoani Sánchez, que todo jornalista honesto e profissional deveria salientar; por exemplo, Yoani Sánchez descreve a realidade cubana de modo apocalíptico, que é a antecâmara do inferno; quando alguém lê seu blog vê que é uma visão tremenda da realidade cubana e ainda assim tempos depois ela viaja a Suíça, a pérola da Europa, um dos países mais ricos do mundo, ficou lá dois anos e decidiu voltar. De duas uma: ou Yoani Sánchez não dispõe de todas suas capacidades mentais, o que não creio; ou a realidade que ela pinta é menos obscura do que pretende. Também eu me pergunto como em tão pouco tempo, de 2007 até agora, ela tenha podido conseguir tantos prêmios; no total, do ponto de vista econômico, representam quase 300 mil euros; que são quase 22 anos de salário mínimo na França; representam 1487 anos de salário mínimo em Cuba. Eu não acredito em casualidades; eu acredito que por trás de Yoani Sánchez existem poderosos interesses. E, por exemplo, ela que é tão expressiva em seu blog, que se apresenta como a transparência personificada, não publicou que se reuniu com Bisa Williams, a mais alta funcionária do governo de Obama que a visitou em Cuba, secretamente, em seu apartamento. Tampouco, e isso lança uma sombra sobre sua credibilidade, algo que você mencionava… disse que lhe havia feito uma entrevista a Obama que… bom… na realidade não me surpreende muito que tenha sido Farrar o que tenha respondido, isso é quase normal em quase todos os países do mundo, sempre são altos funcionários que respondem pelo Presidente, o Presidente assina; o que se questiona em sua credibilidade e ela o disse públicamente, e na entrevista me afirmou, é que  tinha mandado as perguntas a Raúl Castro e que ele não tinha respondido. Pois confessou a Jonathan Farrar, que o disse no cabo de Wikileaks, que na realidade nunca tinha mandado as perguntas. Isso, e lamento dizer, lança uma sombra sobre sua credibilidade.

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