segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Richard Bourne e Lula

Com a chegada do filme sobre Lula, às salas do Brasil, filme este baseado em livro de Denise Paraná, tenho percebido em certas fontes da mídia eletônica, uma tentativa de deslustrar a biografia do Presidente, tentando contrapô-la ao livro escrito por Richard Bourne sobre o mesmo tema, entre outras, articulista do Guardian. 
O livro, escrito em 2009 e lançado em Dezembro, não deve muito ao comentário feito por Bourne em 7 de setembro passado e que se não fala só maravilhas, também não condena, como parte da mídia preconceituosa gostaria, como se vê abaixo.
Provável que o "efeito Bourne",  esperado pelos reacionários, não se dê, mais uma vez.
Enquanto esta oposição decadente não se resolver a fazer algo de produtivo, ao invés de ficar procurando "pelo em ovo", nós, a população Brasileira, agradecemos.


Richard Bourne
guardian.co.uk, sábado 7 de novembro de 2009 16.00 GMT
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil, que recebeu o Prémio Chatham House em 2009, é um dos poucos políticos do mundo a sair da crise econômica mundial, com uma melhor imagem. Em abril, ele foi cumprimentado por Barack Obama na Cúpula das Américas, como o político mais popular do planeta, e tem uma aprovação superior a 80%.

O prêmio Chatham House pode não ser a maior invenção desde o pão fatiado, mas Lula foi votado desde os membros de frente do príncipe, que é ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, ao presidente da Libéria. Ele merece ser saudado, não só pela gestão econômica do seu governo - enormemente ajudado pela descoberta de campos de petróleo em águas profundas, e ao boom das commodities internacionais - mas pelo papel que desempenhou na consolidação da democracia em seu país. Por mais de 20 anos, a partir de 1964, o Brasil foi uma ditadura militar.

Ele representou o impulso democrático desde seus dias como um líder de greve na década de 1970, mais tarde, criou o Partido dos Trabalhadores (Partido dos Trabalhadores) no início da década de 1980, concorreu três vezes à presidência antes de ser eleito em 2002, e descartou a possibilidade de alterar a Constituição para permitir um terceiro mandato de quatro anos, apesar dos apelos de "amigos" que sabem que sua popularidade pessoal é maior do que a do seu partido.

Por outro lado, o impulso democrático ainda está vivo e bem vivo. Na República de Uganda, o presidente Yoweri Museveni, cadeira - que parte de uma associação que anuncia a democracia - alterou a Constituição para que ele possa permanecer no cargo. Na Venezuela, o presidente Chávez fez o mesmo, agitando a bandeira do socialismo bolivariano radical.

Se todo o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, o princípio de rotação é fundamental para a prática da democracia. Na realidade do Brasil a Constituição de 1988 estabeleceu um prazo único para o presidente, e modificada no governo de Fernando Henrique Cardoso, o que possibilitou dois mandatos a este e a Lula.

Nem tudo é esplendidamente democrático no Brasil. Pouco depois de Lula ser reeleito, em 2006, havia uma fila enorme quando os congressistas tentaram praticamente dobrar seus vencimentos - um projeto só refreado pelo clamor público. Escândalos de corrupção, incluindo um acordo em que os pequenos partidos, sem escrúpulos e vorazmente foram colocados na folha de pagamento do governo, quase impediu a re-eleição de Lula. Embora seu partido tenha se recuperado ligeiramente de suas catástrofes éticas, teve de se pronunciar por meio de uma série de coligações que transformaram o país em um "barril político".

Mas a popularidade de Lula recai não apenas sobre a sua personalidade famosa dinâmica, mas em seus esforços para reduzir as enormes desigualdades no Brasil, e seu sucesso em colocar o país no mapa do mundo. Mesmo em seu primeiro mandato, especialistas apontavam que o programa de aumento do salário mínimo e do Fome Zero (Zero Hunger) ocasionaram a redução da pobreza e da fome para os mais pobres. Sua própria experiência como um menino pobre do Nordeste em uma família disfuncional, que migrou para a área industrial em torno de São Paulo, havia lhe dado uma determinação política bastante incomum no mundo moderno.

Além disso seu país, famosamente descrito como o "país do futuro" na década de 1940, parece realmente ter chegado. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia e China amado de analistas de mercado emergentes pode esconder muitas diferenças, mas a moeda brasileira se fortaleceu, Lula estava em pé à direita de Obama em fotos oficiais da Cimeira do G20 Pittsburgh, e seu lobby ativo com o futebol e fã de esportes rendeu a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

No entanto nenhuma quantidade de verve presidencial pode escamotear imensos problemas do Brasil - sociais, ambientais e econômicos da criminalidade. Permanece horrendo. Não há muitos países onde gangsters abatem um helicóptero da polícia, como aconteceu recentemente no Rio, e os direitos humanos são sistematicamente ignoradas apesar de uma rede de ONG's e meios de comunicação ativo e vibrante.

E pode Lula, que está trabalhando duro nisto, mastermind sua sucessão? Alguns dizem que ele poderia eleger um cabo de vassoura. Outros que o Stardust é tão pessoal para si mesmo, que não vai espalhar facilmente para outros. Sua favorita é Dilma Rousseff, a uma ex-guerrilheira que tem administrado o escritório presidencial, mas que teve um episódio de câncer. As eleições presidenciais serão realizadas em 2010, e politicos brasileiros, trabalhando em um sistema partidário ainda líquido, com quatro grandes partidos e muitos outros, já estão a manobrar as peças em nível estadual.

É certo que Chatham House honra Lula. Ele se levanta para a democracia e para que não se releve o que não fez de bom. Estas são qualidades importantes ainda no século 21.

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