domingo, 13 de dezembro de 2009

A "Síndrome de vira-lata"

O único gênio criador de direita que conheci aqui no Brasil, foi Nelson Rodrigues.
Impagável, teve sensibilidade suficiente para extrair toda a hipocrisia da sociedade com a qual convivia, em exercícios de ficção que desnudavam vários desejos encravados no mais recôndito de várias consciências. "Mexidaça" no super-ego.
Cunhou uma expressão, a "Síndrome de vira-lata", usada, nem sempre de maneira adequada pelos que a usam, para defender pontos de vista, os mais variados, sobre essa "coisa" do brasileiro se imaginar impotente, frente, por exemplo, às questões mundiais, como se fosse um "café-com-leite", expressão utilizada aqui em Curitiba, pelo menos, para designar pessoas que participam de alguma coisa, só para dar-se uma chance a elas de participar, pois não teriam capacidade de "jogar", digamos, de igual para igual, em determinada atividade, com o mesmo "peso" dos demais.
O "hours-concours", ao contrário.
Pois bem. Nesta semana mesmo, tivemos o Clovis Rossi citando a "síndrome" em seu artigo "Quando o emergente submerge", na "Folha", em 10/12.
Citou o tema das enchentes em São Paulo, o índice de mortes em ações policiais na comparação da nossa polícia com a dos EUA e o "quebra-quebra" de torcedores do alviverde paranaense, no domingo passado, por conta de sua queda à série B do Brasileirão.
Claro está, que a educação do povo brasileiro, inclusive pela ação predatória de seus governos autoritários, que há quem deles tenha saudade, não apresenta uma educação das mais basilares. Já enjoamos, nós de certo tempo aqui neste País, de vermos aos canais de televisão, matérias mostrando os absurdos encontrados em rios, esgôtos à céu aberto e mesmo nas ruas, de lixo, que com as chuvas, são arrastados aos buracos que deveriam estar destampados, causando os alagamentos a que temos presenciado.
O Brasil não é um País educado, na convivência coletiva.
Nossa polícia, pelos mesmos motivos, também não pode executar suas tarefas, com o mínimo de civilidade possível, não com os critérios de recrutamento de hoje.
Os torcedores, ainda pelas mesmas questões e somem-se algumas variantes locais que caberiam melhor num estudo antropológico específico, também não perceberam opção melhor, para outra reação, lamentavelmente.
Felizmente, o Brasil, apesar disto, evoluiu espantosamente, ao longo dos últimos 20 anos, com toda a camarilha política e empresarial que vem governando este País de lá prá cá, é colonial, e temos sim direito à voz e à ações, que chamem a atenção à determinadas situações que vem erradas a longo tempo e que precisam ser revistas para que hajam mudanças positivas , pró-ativas, para uma melhor resolução da condição humana.
Não cabe,e quiçá, a não ser por interesses de arreio, nunca coube o fato de não nos pronunciarmos enquanto nação, sobre os mais diferentes fóruns, a que a população do planeta é chamada, se não a dar opinião, a viver seus resultados, quase sempre desequilibrados e em detrimento da maioria.
Portanto e diferente do que supõe o ultrapassado articulista, Nelson não entenderia melhor a "síndrome", mas continuaria a não entender o porque da "síndrome", caso continuassemos dela a padecer. Eu, não padeço e, felizmente, por mais surreal que pareça, o "torneiro" também não...

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