sábado, 4 de agosto de 2012

“Não venha da casa grande para dizer que nós não podemos”


Gabrielle de Paula, Jornalismo B
Fotos: Luciano Victorino
Mesmo depois de o Conselho Universitário da UFRGS ignorar a pauta da juventude negra – mantendo os 30% de cotas sem desvinculação, temos que ressaltar as manifestações que ocorreram durante toda a manhã desta sexta-feira.
A manhã do dia 3 de agosto ficou mais colorida na UFRGS. A manifestação do Movimento Estudantil pela manutenção das cotas, agregou pessoas de diversas raças, credos e classes sociais.
Com seus tambores, o Levante Popular da Juventude uniu-se ao movimentos que ocuparam a Reitoria no dia anterior ( ANEL, Juntos!, Contestação, Vamos à Luta) e entoando seus cânticos contribuiu para uma atividade mais alegre.
Os conselheiros do Consun foram recebidos dentro do prédio da Reitoria por cotistas negros que carregavam no peito placas com o nome, curso e a palavra cotista. Os conselheiros favoráveis às cotas receberam flores artesanais feitas pelos estudantes. Em meio a figuras políticas da esquerda, do movimento negro e de sindicalistas, os manifestantes pediam pelo avanço da política de cotas com gritos de “Não venha da casa grande para dizer que nós não podemos” e “Educação é Revolução”! O ato teve seu ponto alto com a chegada de alunos secundaristas que aumentaram a voz e as cores da manifestação.
Na última quarta-feira, a Zh.com trouxe como manchete a evasão e o baixo desempenho dos cotistas, mas esqueceu de explicar aos seus leitores, os motivos que geram as dificuldades para o estudante pobre e negro se manter na universidade. A universidade ainda é feita para a elite e o estudante que necessita trabalhar é impedido pelos desregulados horários dos cursos de graduação, por exemplo. As políticas para a permanência do cotista dentro da faculdade fazem parte da pauta do Diretório Central dos Estudantes e dos movimentos sociais.
O Movimento Estudantil continua na luta por uma UFRGS mais pública e popular. Por hora, seu esforço garantiu a permanência das ações afirmativas na universidade. Mesmo não sendo o suficiente, alunos de escolas públicas e os autodeclarados negros continuarão dando um aspecto mais colorido nos cinzentos campis de um espaço dominado pela elite conservadora.


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