quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pânico silencioso: A crise é senhora do Euro. Obama cogita um BNDES. Com arrocho?

(Carta Maior;6º feira, 19/08/ 2011)


A economia do euro está parando.

Mergulhada numa tempestade perfeita de asfixia fiscal, desemprego e vazio assustador de liderança alterna dias de falso alívio com outros de puro desespero. 


A quinta-feira foi do desespero:um pânico sem grito, mas o pior dia desde a quebra do Lehman Brothers, em 2008. Carteiras de ações queimam nas mãos de fundos e investidores. 


Pregões despencam à medida em que o temor da recessão se transforma em índices. França e Alemanha patinam estagnadas; dos EUA chegam números da mesma cepa. 


Vendas de imóveis usados caíram ao nível mais baixo desde 2009; pedidos de seguro desemprego cresceram; a atividade industrial tombou em Nova Iorque, embicou na Filadélfia. 


Há coisas piores no cardápio dos próximos dias: bancos vão tremer na UE outra vez. 


Quando setembro chegar, a Itália precisará de 50 bilhões de euros para refinanciar sua dívida. 


Na 3º feira, Sarkoy e Merkel vetaram um reforço no fundo europeu, capaz de acalmar investidores como a prefiguração de um sistema fiscal solidária. Não por acaso ações de bancos carregados de títulos públicos tem comandado a derrocada das bolsas. 


A queda recorde de ontem deu-se em Milão: 6,1%. Mas ninguém escapou ileso. Paris, Londres, Frankfurt, Madrid, Amsterdan, etc, tombaram sem nenhum contrapeso de resistência do mundo político.


Não há réplica a altura de uma crise longa, rastejante e dissolvente, diz Maria da Conceição Tavares. Cada vez que lideranças conservadoras abrem a boca prescrevem mais do mesmo. 


Ato contínuo, manadas pró-cíclicas escavam o fundo do abismo. 


Um contraponto tardio, improvisado, hesitante, veio do outro lado do Atlântico, no Meio-Oeste americano. Em caravana pré-eleitoral, acuado por críticas, Barack Obama balbuciou promessas de emprego com incentivos a pequenos e médios negócios. 
Num vislumbre de ativismo fiscal, algo anacrônico depois de sancionar o arrocho do Tea Party, acenou com a criação de um banco de desenvolvimento para infraestrutura. 


Se decidisse mesmo peitar seus ortodoxos, poderia buscar experiência no maior banco desenvolvimento estatal do mundo: o BNDES. 


Três vezes maior que o Banco Mundial, ele ancora outra ferramenta anti-cíclica de que se ressentem as economias reféns da armadilha neoliberal: o PAC, plano de aceleração do crescimento, alavanca keynesiana que reúne R$ 1,5 trilhão em obras nos próximos anos, sendo R$ 960 bi até 2014. 


São números de causar urticária em Sarah Palim, mas também em seus congêneres tropicais, cuja agenda em meio à hecatombe é a ambígua 'caça aos corruptos' - da base do governo, claro.

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