Marcus Vinícius de Azevedo BragaFonte: O Mensageiro
Certo professor meu defendia ardorosamente em suas aulas de Administração dos Materiais que não poderíamos, na nossa vida administrativa, querer sempre o melhor. O melhor era muito caro! As organizações demandavam, sim, o adequado. Para uma escola, colocar o papel de secar as mãos de melhor qualidade do mercado pode nos obrigar a tirar recursos do material didático, pois não existirá recurso para colocar tudo de primeira linha. Essa sabedoria simples chamou-me a atenção e levei-a para a minha vida profissional. Mas, analisando a sua propriedade, vemos que a nossa vida como Espíritos imortais encarnados na Terra também demanda um pouco dessa visão.
O melhor é insustentável, pois o melhor de hoje não é mais o melhor de amanhã. O melhor exclui, torna-se obsoleto com grande velocidade. O adequado atende. Na vida nos digladiamos cotidianamente pelo melhor e esquecemos que poderíamos estar satisfeitos com o adequado. Matamos um leão a cada dia para dar o melhor aos filhos, quando eles necessitam do adequado e de nós. A busca pelo melhor é infinita, efêmera.
O melhor é competitivo, olha para o lado. O adequado é para si, olha para quem dele precisa. Muitos no mundo sofrem pela falta do adequado e muitos outros se debatem em tristeza pela falta do melhor. O melhor é construído, o adequado é real. É fundamental identificarmos em nossa vida o que é adequado, o que é necessário para nos atender e aos que de nós dependem. O melhor precisa ser acompanhado da ostentação. O melhor é para poucos, o adequado atende a mais pessoas.
O melhor é elitista. O melhor demanda escolhas, pois os recursos são limitados. O adequado é distributivo, vai de encontro às necessidades, sem ser mínimo. O melhor é fruto de um processo de comparações, para se chegar a um eleito. O adequado é fruto de um processo de investigação do atendimento de uma necessidade. O melhor ocupa os lugares do adequado.
O melhor é consumista. O adequado é o necessário. Às vezes não precisamos do melhor, mas insistimos em tê-lo. O adequado nos serve. O melhor, só ele serve. O adequado nos exige adaptação. O melhor é a originalidade da exceção. O melhor sempre custa muito caro. O melhor sempre é alvo de disputa.
Como Espíritos imortais, viajores da estrada da existência, em relação aos bens materiais devemos cultivar a lógica do adequado, identificando o inadequado, o ocioso e o inservível, pois esses podem ser adequados a outros irmãos. A corrida pelo melhor nos aprisiona aos bens materiais, cujo valor de uso é suplantado pelo seu valor de troca, onde ter é um mecanismo de mercado que nos importa não pelo que aquela coisa nos atende e sim pelo que ela vale em relação aos outros. Construímos castelos de objetivos distantes da nossa vida espiritual. Faz-se mister nos libertarmos da busca desenfreada pelo melhor, insuflada pela propaganda massificada, colocando as coisas materiais no seu lugar, o lugar adequado.
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