Não era um ponto fora da curva;Serra assume como seu o discurso fascistóide vocalizado por seu picollo ballila, Índio da Costa. O desenvolvimentista --'de boca', como sublinha Maria da Conceição Tavares-- encontrou, ao que parece, a identidade de uma candidatura que desde o início patinava espremida entre a hesitação eleitoral e a dissimulação consciente de seu verdadeiro sentido histórico na sucessão de Lula. O candidato demotucano começou afirmando-se 'um continuador de Lula', despropósito endossado pelo rufar dos tambores midiáticos , a repicarem obsequiosamente a 'pouca diferença entre os dois candidatos'. Não funcionou. O passo seguinte foi assumir-se como um ectoplasma de lacerdismo mitigado até, finalmente, sair do armário por inteiro nas últimas horas. Ao mesmo tempo em que endossa a partitura da extrema-direita nativa, Serra traz para a fanfarra conservadora as promessas de um populismo desabrido, que inclui desde dobrar o Bolsa Família --quando em SP seu governo sabotou o programa realizando 1/3 da meta prevista-- à distribuição de enxoval para gestantes, conforme observa a edição de ontem, do jornal Valor Econômico. No crepúsculo de sua vida política, o arestoso quadro tucano conclui uma melancólica baldeação ideológica. Sem o talento retórico do populismo conservador, mas, sobretudo, sem desfrutar o vácuo político no qual ele germinou, Serra sangra aos olhos de seus próprios petizes e admiradores, como se depreende pelos muxoxos envergonhados da página 2 da Folha, desta terça-feira. Nesse episódio, o tucano assumiu a baldeação do conservadorismo envergonhado para uma aliança carnal com a patética ideologia da extrema direita nativa, verbalizada pelo indigente personagem acolhido para arrematar o perfil histórico da candidatura anti-Lula nestas eleições.
(Carta Maior;20-07)
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