domingo, 28 de novembro de 2010

A vitória da blogosfera progressista

Do blog, "O que será que me dá"

Ilustração: Diogo Novaes
Foi mais do que ajudar a eleger Dilma. A comunidade blogueira de esquerda firmou-se como a principal trincheira contra a desserviço da grande imprensa – que invariavelmente atenta contra a verdade. Hoje, para mim, “não dá pra não ler” este grupo de blogueiros diariamente. E fica mais gostoso de ler quando levo em conta que nenhum deles se sustenta através do seu blogue. Muito pelo contrário. Alguns se desdobram para manter a chama acesa ao mesmo tempo em que atendem seus compromissos profissionais. Outros até sustentam financeiramente seus blogues contra os ataques jurídicos que recebem.
Desde a vitória de Lula, em 2002, quando ficou evidente que a mídia usaria todo seu poder de fogo para inviabilizar seu governo, os blogues deixaram de ser apenas espaços pessoais onde centenas de patricinhas, mauricinhos e tarados em geral expunham suas futilidades – quer em formato de diário cor-de-rosa, álbum fotográfico familiar ou coleção de eróticos. Blogar também passou a significar prestar serviço, esclarecer sobre algum assunto específico ou repercutir assuntos de interesse público. No caso dos blogueiros progressistas, ou de esquerda, os autores começaram a denunciar as mentiras e a manipulação dos fatos que os jornais e a TV veiculam, mostrando a verdadeira face de uma mídia que, àquela altura, já estava irremediavelmente destinada a receber o apelido de PIG.
Neste fim de mandato, o encontro histórico de Lula com alguns destes blogueiros resultou numa das raras conversas em que o presidente não esteve refém dos ardilosos truques das entrevistas coletivas que se baseavam no “todos contra um”: por inúmeras vezes durante seu governo, as entrevistas não passavam de verdadeiras emboscadas, usadas para que os “jornalistas” pescassem declarações de Lula que pudessem ser distorcidas, despidas de seu contexto e usadas contra ele e seu governo.
Por mais de duas horas, os “sujos” – como Serra chamou os blogueiros de esquerda – tiveram com Lula uma conversa “limpa”, descontraída e bem humorada. O encontro inédito foi transmitido ao vivo em diversos sites – inclusive em três portais do PIG – e chegou liderar no Twitter. Para quem ainda não viu, o vídeo completo da entrevista está aqui.
A reta final da campanha eleitoral deste ano, infestada pelo esgoto serrista, criou muitos zumbis que vagam por aí babando ódio e preconceito. Mas também criou muitos cidadãos que romperam definitivamente com essa mídia quando ela assumiu a campanha vil do tucano.
Este grupo de blogueiros certamente foi o porta voz de milhões destes brasileiros que, aos poucos, vão deixando de ser órfãos de informação de qualidade enquanto a “mídia antiga” – como foi chamado o jornalismo do PIG no encontro – continua a sangrar audiência de forma irreversível. Não é por acaso que o número de page views do Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim, por exemplo, cresceu 46% de setembro para outubro e atingiu 12 milhões de visitas/mês. Existe um público crescente, interessado por uma informação não contaminada pela mesmice golpista dos quatro principais do PIG.


Por outro lado, é impagável imaginar o que sentiram os jornalistas e blogueiros funcionários da Folha, Veja Estadão e Globo do lado de fora do evento no Alvorada: desta vez eles, os soldadinhos portadores da ideologia excludente das elites, foram os excluídos. E mais ainda: ao noticiarem o evento, reconheceram, mesmo que amargamente, a importância crescente da blogosfera independente e sua influência na opinião pública.
E isso tudo foi pouco.
O encontro simbolizou um cenário onde, a médio prazo, governo e sociedade devem abrir novas portas para promover o diálogo democrático sem que isto se dê, necessariamente, através dos instrumentos da “mídia antiga”. Ao receber o grupo, Lula avalizou a expectativa de que o governo Dilma deverá realizar a regulamentação das comunicações, limitando os monopólios, ampliando a diversidade e incentivando novos produtores e distribuidores. Só assim, teremos a verdadeira e ampla liberdade de expressão.

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