Ouvimos um "barulhaço" no Brasil, por ocasião da condenação à morte por apedrejamento, da iraniana Sahineh.
Tudo muito correto e justo, não?
Não!
É de se esperar, que os casos "medievalescos" que ofendam à dignidade humana, não precisa nem chegar ao radicalismo da pena de morte (deuses que somos, às vezes, para decidirmos sobre a vida de nossos iguais e não importa o gênero, masculino, feminino, etc e nem o acerto de tais decisões.), nos mova à solidariedade humana no sentido de que nos postemos contra tais atos, clamando pela justiça, dentro de maneiras que imaginamos civilizadas e especialmente no punir, terceiro milênio em que vamos andando, para que, "a priori", não cometamos excessos e já nem falo aqui sobre acertos, ou erros destas punições, que eventualmente possam influenciar, opiniaticamente, às pessoas.
É claro que, pelo menos assim, publicamente, as pessoas costumam colocar-se contra as medidas radicais, especialmente à pena de morte, especialmente envolvendo mulheres e/ou crianças, estas, "normalmente", vítimas de crimes de guerras, chacinas, etc, e falo "costumam", porque em certos espaços públicos, estimulados pelas novas mídias e por boa dose de falta de urbanidade, temos podido acompanhar casos em que os excessos opiniáticos, veem sendo assumidos sem o menor cuidado de colocarem-se, inclusive, opiniões racistas, sectárias, homofóbicas, etc.
Voltando ao Irã, ou ao "caso Sakineh", mais especificamente, por ocasião da divulgação da notícia de sua condenação à morte por apedrejamento, que nos remete à famosa e rica passagem bíblica, ouvimos, então, o tal "barulhaço".
Aparentemente, nada mais justo.
O grande problema, foi o uso que se fez do fato, com a intenção cada vez mais clara, à medida que o tempo vai passando e outros casos similares vão surgindo sem a indignação das "Senhoras de Santana e congêneres", de provocar uma reação do Presidente Lula e, no calor temporal dos acontecimentos, atingir à sua candidata à sucessão, Dilma Roussef, pois a conta do "starter" da coisa toda, a nossa imprensa seletiva que julga o que é importante repercutir com maior destaque e insistência, é prosaica e aponta como resultado da ação, que, "se Lula é 'amigo' de Ahmadinejad, Lula pode evitar a morte de Sakineh, com um pedido", assim, como quem pede uma colocação para um filho de um amigo, na empresa de um terceiro.
É de se imaginar que tenham torcido para que Sakineh fosse morta com os requintes que o apedrejamento, certamente propiciariam, para poder jogar em nossas caras de idiotas, "como Lula pode ter 'amizade' com um tipo desses!!"
Deveríamos saber que não é assim que se resolvem assuntos diplomáticos, lembrando, que o "caso Sakineh", não é, absolutamente, um caso diplomático entre Brasil e Irã. O que se pretendeu, resta claro, foi criar um mal-estar a "Lula e cia. e circunstâncias", com interesses nada, eu disse, nada humanitários, e olhe que nem precisaríamos dos casos Teresa Lewis (esta, já morta, por auxiliar na morte do marido e do enteado com a intenção de receber seguro de vida, ainda que aparentemente manipulada pelos verdadeiros mentores dos assassinatos que teriam se aproveitado da insuficiência mental da condenada.), e do mais recente, Asia Bibi, mulher católica paquistanesa, condenada à morte por blasfêmia por ter ofendido a Maomé, segundo seus algozes, num pais marcadamente muçulmano, quanto à religião.
Repercutido o que interessava ao nosso jornalismo seletivo brasileiro, os "humanitários" sairam fazendo o tal "barulhaço" que se viu em redes sociais e "arredores", imbuídos do mesmo objetivo da citada mídia e vê-se, lamentavelmente, sem preocupação nenhuma com o destino de Sakineh (que, aliás, ainda vive), como ficou demonstrado posteriormente pelo silêncio com que trataram, tanto os jornalistas, quanto os "humanitários", aos casos Teresa Lewis e mais recentemente Asia Bibi.
Sabe que repassando o texto, para concluí-lo, pensei...
Concluir o que?
P.S.: Antes que sofra, eu, "apedrejamento por redução", é evidente que o caso Sahineh repercutiu mundialmente, ancorado nos interesses dos EUA, aquele velho interesse sobre as riquezas naturais de países do Oriente Médio (que se por falta de maior divulgação e análise por parte da avassaladora maioria da mídia ocidental, novamente aqui ancoradas por estes mesmos interesses), podem se ver descritas, para o benefício da dúvida de quem se interesse, em excelentes livros de Historia, onde costumam contar os fatos e não as versões de interesse, com todas as possíveis deformações de ideologia, por parte dos autores, que estes livros possam trazer.
Aqui, este interesse foi utilizado, como aprouve, à imprensa, aos "humanitários" e à temporalidade histórica.
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