sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Site deve publicar mais 15 mil arquivos da guerra afegã

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O porta-voz do site Wikileaks, Julian Assange, anunciou nesta quinta-feira que a organização se prepara para publicar o resto dos documentos confidenciais sobre a guerra do Afeganistão, apontados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (Pentágono) como ainda mais "explosivos" do que os já vazados. Segundo ele, a organização está a meio caminho para publicar outros 15 mil arquivos. Ele não deu um prazo para a publicação das informações militares, mas garantiu à sua audiência no Frontline Club, em Londres, que os arquivos serão publicados na internet.

Depois do anúncio, o Pentágono manifestou, por intermédio de seu secretário de imprensa Geoff Morrell, temores de que o próximo vazamento será ainda mais prejudicial à segurança dos EUA e ao esforço de guerra do que o anterior. O Exército americano acusou o Wikileaks de colocar em risco a vida de militares norte-americanos ao publicar cerca de 76 mil relatórios de guerra que contemplam desde 2004 a 2009, e pediu que os 15 mil documentos restantes não sejam divulgados no site da organização.

O grupo Repórteres Sem Fronteiras criticou hoje o Wikileaks, acusando o grupo de ser "incrivelmente irresponsável" ao publicar os documentos militares secretos. Para a entidade, o Wikileaks "às vezes tem uma atuação útil, mas revelar a identidade de informantes afegãos é altamente perigoso". Os mais de 90 mil documentos sugerem que há centenas de mortes de civis afegãos não reportadas, além de indicarem o apoio da espionagem paquistanesa à insurgência Taleban.

Falando de Londres, Assange afirmou não ter intenções de cooperar com as autoridades norte-americanas, mas não forneceu uma data específica para a publicação dos relatórios. O porta-voz, no entanto, disse que "meio caminho já estava andado" para o vazamento. "Nós já revisamos 7 mil relatórios", disse, descrevendo o processo de análise feito pelos funcionários da organização para garantir que nenhum afegão seja prejudicado com a publicação dos documentos.

Ainda assim, Assange afirmou que "com certeza" irá divulgar o material. Ele não especificou se daria acesso antecipado aos jornais The New York Times e The Guardian e à revista Der Spiegel - como fez anteriormente - ou se simplesmente iria publicá-los no site do Wikileaks.org. Assange está sendo pressionado pelas autoridades norte-americanas, que envolveram o FBI na investigação para descobrir quem foi o responsável pelo fornecimento dos documentos ao Wikileaks.

Uma força-tarefa de mais de cem analistas de inteligência pesquisaram os 77 mil documentos incessantemente, procurando palavras-chave como nomes de mesquitas, pessoas e locais para avaliar qual o perigo ao qual tais nomes teriam sido expostos com a divulgação dos documentos.

Porta-vozes do Taleban já afirmaram que irão usar o material para caçar pessoas que têm cooperado com a presença militar estrangeira no Afeganistão. O Wikileaks afirma que está segurando a publicação dos documentos remanescentes para garantir que as vidas de afegãos não serão colocadas em risco. Para o Pentágono, a divulgação de informações secretas pode colocar em risco a vida de soldados dos EUA e de informantes no Afeganistão.


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