Enquanto exuda veneno contra Morales, o Mercosul e o Itamaraty, por conta da orientação soberana da diplomacia brasileira, Serra estreita laços internacionais que antecipam o que seria a política externa de um eventual governo da coalizão demotucana. Um exemplo ilustrativo: o candidato do conservadorismo brasileiro é um dos convidados de honra do encontro internacional marcado para o dia 8 de julho, em Madri, organizado pela FAES , a Fundação de Análise e Estudos Sociais, do Partido Popular (PP), do direitista José Maria Aznar, classificado pela VEJA, em dezembro de 2002, como ‘a figura mais destacada da direita moderna'. Dois anos depois, os espanhóis demonstraram não compartilhar a avaliação da revista que hoje apóia Serra com o mesmo entusiasmo, tendo apeado Aznar e o seu PP do poder. Na origem do Partido Popular encontra-se a Aliança Popular, uma federação de agrupamentos de direita e de extrema direita, muitos deles dominados por egressos do franquismo. No poder pela primeira vez em 1996, Aznar - à semelhança de Serra um personagem arestoso, que sempre manteve uma relação belicosa e agressiva com sindicatos e movimentos populares- deflagrou um programa muito semelhante ao adotado pelo PSDB de Serra e FHC quando governaram o Brasil nos anos 90. Aznar privatizou serviços públicos, arrochou o orçamento do Estado, vendeu empresas como a Ibéria e ‘desregulou' mercados, como o da telefonia móvel, além de ensaiar cortes no auxílio-desemprego quando 11,5% dos espanhóis estavam sem trabalho. Serra talvez não possa comparecer ao convescote da direita franquista, por conta da campanha. Mas deve enviar um representante seu que apenas reafirma certo recorte ideológico no plano interno e externo: José Carlos Aleluia será a voz de Serra junto à direita espanhola, a mais radical da Europa. Não poderia haver um sinal de apreço mais significativo em em relação ao Partido de Aznar: o DEMO Aleluia, final, é o mais forte candidato a ocupar a vice na chapa do conservadorismo brasileiro.
(Carta Maior; 23-06)
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