sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sordidez

Sobre esse assunto, a gente tem que dar uma respirada daquelas antes, fechar os olhos, deixar as idéias fluirem por elas mesmas, aliadas aquilo que a gente tem cansado de ver por aí, juntar tudo isso e, então, começar a sedimentar a idéia, prá discorrer a respeito...
A "Folha", até que demorou prá falar mais demoradamente, sobre o filme de Lula.
Havia feito uma entrevista com Barreto, há uns domingos atrás, que com a clara intenção de deslustrar a fita, enquanto obra, trazia em manchete, já na primeira página, que Barreto só estava fazendo o filme por dinheiro.
Claro que a entrevista, lá dentro, era extremamente rica, vindo de quem vinha, e se "passava" pela questão financeira, não era o centro do assunto, como prostituía, a dita manchete.
Pois hoje, no caderno Brasil e não na Ilustrada, como sói acontecer no jornal quando comenta cinema, haviam três matérias sobre o filme.
Uma, falava das omissões da fita, tanto de coisas negativas, quanto de positivas, aí vinha uma entrevista com Denise Paraná, autora do livro que deu origem ao filme e por terceiro, uma análise, de Cesar Benjamin.
Cesar Benjamim, nela, a análise, não analisava o filme. Em três mini-capítulos, estabelecia correlação do título do mesmo, "O filho do Brasil", com uma história vivida em sua juventude de militante de esquerda, envolvendo sua prisão, à época da ditadura, em seguida nos conta sobre uma passagem que teria acontecido com Lula em 1994, baseada em fatos ocorridos por ocasião de sua prisão, onde teria assediado sexualmente um rapaz, por, teria dito Lula, não viver sem "boceta".
Aliás, essa palavra escrita assim, com "o" no lugar de "u", parece até que quer emprestar um tom mais cruel à narrativa, mas continuando, corta e volta a falar de sua prisão, onde falava do destino dos "criminosos comuns considerados perigosos", que não quiseram lhe comer, lá no começo da história, se é que isso é verdade, também, tentando, na comparação, mostrar Lula como uma espécie de ser primitivo.
O texto acaba com uma descrição do articulista, como também sói acontecer na "Folha", mas com espaço beirando à uma biografia, óbvio, tentando emprestar a máxima credibilidade a esse pobre infeliz.
O que o jornal costuma dizer em no máximo 3 linhas sobre seus articulistas, gastou 10(dez), com Benjamin.
Fica clara a opção do jornal, em denegrir Lula, o que é lamentável, pois usar deste tipo de expediente, trazendo à baila uma situação inaudita, incomprovável, mais ou menos como no caso Lina, "furo" dado em entrevista pela mesma "Folha" e passados 15 anos do fato, aí já por parte de Benjamin também, é no mínimo, questionável.
Claro, faz um puta barulho. Todo mundo vai ficar falando disso entre hoje, até o próximo factóide, ou notícia séria que lhe tome o lugar, mas é mais uma tentativa tosca de denegrir, de extremo mau gosto e que não combina com bom jornalismo. Não acrescenta nada ao debate, lembra Miriam no caso Lurian, guardadas as diferenças de teor das histórias, mas ambas, de efeitos desagradabilíssimos.
Qual é a da "Folha" com essas tentativas de estupros morais??
É triste...

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