segunda-feira, 27 de setembro de 2010

SERRA PARA PRESIDENTE DA FOLHA DE SÃO PAULO


(sobre quando um jornal confunde seu país com o país real).
                Sou leitor da Folha de São Paulo. Também sou petista. Acompanho com atenção os conteúdos  e a maneira como os mesmos são expostos no jornal.
                Por isso chamou-me a atenção a maneira como esse jornal reagiu às críticas do presidente Lula e da candidata Dilma a reportagens sobre as denúncias na Casa Civil que redundaram na saída da ministra Erenice Guerra.
                No dia 22 de setembro no caderno especial das eleições (p5)uma pesquisa do Datafolha  “avalia como ótimo ou bom o noticiário sobre Receita e sobre crise na Casa Civil”. A reportagem detalha a pesquisa realizada entre 17 e 19 de setembro com 351 leitores na Grande São Paulo, que lêem o jornal pelo menos uma vez por semana.
                Uma das perguntas pesquisadas é sobre o voto desse leitor da Folha: 50% é Serra, 21% é Marina e 15% é Dilma. Aí se depreende que o leitor que o leitor médio da Folha é tucano ou, no mínimo, anti PT e anti Lula.
                Compreendo que um negócio, seja ele qual for, precisa buscar satisfazer a maioria do seus clientes, para que o mesmo se mantenha viável. Essa é uma lei do mercado que não pode ser desrespeitada, nem pela Folha de São Paulo.
                O presidente Lula disse que os empresários da mídia tem lado e interesse. Essa reportagem da Folha corrobora isso. Ninguém é isento. A honestidade está na transparência e não na defesa do apartidarismo ou da imparcialidade como o editorial da mesma Folha tentou defender no domingo 26 de setembro.
                Não são imparciais. Tem clientes para atender. E a maioria deles é tucano, ou anti PT/Lula. Isso não influencia no tom das matérias? Isso não pauta que informação tem destaque e qual é jogada para os cantinhos e para as letrinhas pequenas. Claro que influencia. Esses interesses não confessados não influenciam na hora da contratação deste ou daquele jornalista, que se afine mais ou menos com a linha do jornal? Claro que influencia. E tudo bem. Isso faz parte da vida. É só admitir e não posar de vestal da imparcialidade, de virgem horrorizada com os interesses da política. A Folha tem interesses e ponto, simplesmente porque é uma empresa com fins lucrativos.
                O teólogo católico Hans Küng escreveu que a ética na política não está numa política idealista sem interesses, nem na política pragmática onde valem todos os interesses, mas numa política de interesses com ética.    Os governos, sejam quais forem, petistas ou tucanos, tem muito o que avançar nisso.  Porém o alcunhado quarto poder, a imprensa, também precisa avançar e ajudar a formação democrática da sociedade mostrando quem são, a quem defendem, que interesses representam.
                Hoje, à luz da reportagem que citamos, defendemos com veemência: Serra para presidente da Folha de São Paulo. Porque o Brasil real, indicam as pesquisas, quer mesmo é Dilma, e deve confirmar isso no próximo domingo.
São Bernardo do Campo, 27 de setembro de 2010.
David Alencar
Teólogo e pedagogo.

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