Mickey Huff y PROYECTO CENSURADO. Traducción: Ernesto Carmona (especial para ARGENPRESS.info)
No primeiro capítulo do livro "Censurado 2011", do Projeto Censurado, examinamos a cobertura de notícias e informações importantes para a manutenção de uma democracia sã e que funcione. Definimos à censura moderna dos meios como a manipulação da realidade nos grandes meios de comunicação.
Diariamente, a censura consiste na não-inclusão intencional de uma notícia - ou de parte de uma notícia - baseando-se em qualquer coisa, exceto um desejo de dizer a verdade. Tal manipulação pode tomar a forma de pressão política (de funcionários de governo e de indivíduos poderosos), de pressão econômica ( de publicitários e financistas) e de pressão legal (ameaças de demandas de indivíduos, sociedades e instituições endinheiradas). A censura não só é uma história que nunca foi publicada, é qualquer notícia que não consiga difusão extensa, sem importar sua natureza efetiva e seu significado para a sociedade e seus sistemas de governo democrático. Simplesmente, a censura é mais que a omissão evidente e absoluta.
O Dr. Michael Parenti, politicólogo e ex jurado nacional do Projeto Censurado, em seu artigo "A manipulação dos meios monopólicos", em maio de 2001, explicou que censura também implica desmarcar, equilibrar falsamente, atacar e etiquetar, prejulgar, desfigurar valores, abster-se de seguir perguntando, obscurecer o conteúdo e muitas falácias tais como a pista falsa, "o homem de palha", e a apelação à emoção, só para enumerar alguns. Portanto a censura, é amiúde uma questão de grau, mas qualquer grau em absoluto pode dar lugar ao obscurecimento e à distorção de qualquer tema da história jornalística. O resultado final pode ser a confusão, levando à conclusões não apropriadas dos fatos, ou falta de compreensão do conjunto (é dizer, representação da incapacidade de ligar pontos, ou de ver o quadro completo). É por estas razões que a censura é um elemento chave de qualquer sistema de propaganda e é antiética em relação às metas de uma imprensa livre, que, segundo o jornalista do século XX George Seldes, era contar às pessoas o que realmente estava ocorrendo na sociedade.
Algumas histórias noticiosas mais censuradas do último ano foram levemente cobertas pelos meios corporativos e outras foram difundidas a partir do último processo eleitoral estadounidense. No entanto, muitas vezes, os casos completos de uma história em particular todavia careciam de seguimento nos meios corporativos, e inclusive se não era assim, a cobertura de uma ou de duas histórias na imprensa não era suficiente para conquistar, em grande escala, a atenção das pessoas. A informação constante de histórias e seus detalhes dominantes, passando mais além da simples menção, é um componente chave das mensagens e da comunicação. É por esta razão que acreditamos que as notícias que receberam uma atenção mínima dos meios corporativos todavia qualificam como histórias parcialmente censuradas. Ademais, as publicações e os sítios web alternativos, de onde vem o "grosso" de nossas histórias, tem certamente leitores, mas amiúde, não tem uma distribuição massiva, e inclusive quando estão na Internet, com frequência não significa que as pessoas consigam encontrar rapidamente a informação. Estes problemas de acessibilidade e presença variam de uma cultura para outra. Devido a que os meios corporativos comerciais teem virtualmente mais ubiquidade na arena pública e às mentes, estas entidades tem maior ventilação que os demais para influir ao público. Esta vantagem desigual dos meios corporativos é parte importante do problema da difusão de informação em todo mundo.
Responsabilidade dos meios
A única justificativa válida para declinar uma notícia em um sistema de imprensa livre é quando o meio está limitado pelo tempo e pelo espaço, e existe outra notícia que se julga mais importante para as pessoas da comunidade local, nacional ou internacional. Embora o declínio, obviamente, seja um processo subjetivo, não obstante, é um processo que compete às mesmas pessoas do mundo de notícias (os jornalistas e os redatores de investigação), NÃO ao encarregados e gerentes de sua "sociedade matriz". Nunca nenhum jornalista ou investigador profissional deve ter que fazer a destruição de sua carreira (ou de sua vida) simplesmente porque quis dizer a verdade.
Raras vezes duas pessoas estarão sempre de acordo em qual notícia é mais importante que a outra em um sistema de trabalho onde repórteres e redatores trabalham em uma sala de redação que pelo menos proporciona um ambiente fértil de discussão, o desacordo e o pensamento crítico.
O crescimento nos últimos anos do jornalismo alternativo e meios independentes mostra que as pessoas do mundo inteiro não só anseiam mais responsabilidade em seus líderes, como também nos meios informativos.
Por esta razão, o Projeto Censurado continua seu modesto esforço de apoiar e destacar a quem diz a verdade sobre o poder e buscam, implacáveis, a responsabilidade dos meios de comunicação corporativos em ignorar e não divulgar notícias.
Análise e conteúdo de notícias do Censurado 2011, pela Drª Elaine Wellin
Uma análise de conteúdo dos 334 artigos nominados Censored 2011 mostra que alguns temas expostos foram mais ignorados do que outros pelos grandes meios e ignorados sobretudo pelos meios dos EUA, mas também pela grande imprensa européia. Os participantes do Projeto encontraram várias classes de notícias importantes, mas que de alguma maneira os meios corporativos ignoraram ou censuraram:
• Quase 20 notícias censuradas, ou grupos de histórias, foram relatos centrados na Internet.
• Um número similar de notícias, mais de 20, descrevem as consequências mundiais do livre comércio e fatos penais corporativos.
• Mais de 40 notícias censuradas e grupos de relatos relacionados se referiram aos militares e à guerra, certamente no Oriente Médio, mas também incluem histórias censuradas sobre a África, América Latina, EUA e outras regiões.
•Umas 50 histórias e grupos de notícias relacionadas que "não batem" com os diários dos EUA detalharam inumeráveis assaltos à saúde das pessoas e, naturalmente, abordaram as consequências da falta de atenção sanitária.
• E sobre 60 notícias censuradas e grupos de relatos relacionados versavam sobre o meio ambiente, refletindo uma preocupação persistente cada vez maior entre pessoas comuns, temas que continuam sendo ignorados ou cobertos de maneira distorsiva pela imprensa corporativa e o governo federal estadounidense.
Em resumo, 58% de todas as notícias encontradas como as mais censuradas pelos membros do Projeto Censurado se classificaram em cinco categorias: Internet, fatos penais corporativos, militarismo dos EUA, saúde e ambiente. Neste livro, o Projeto Censurado, se passou cada vez mais à análise temática e planeja continuar nesta direção, no futuro. As 25 notícias top mais censuradas deste último ano, oferecem variadas conexões noticiosas, como componente chave para adquirir um conhecimento exato do contexto do mundo cada vez mais complexo em que vivemos
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