Do Digestivo Cultural
Teatro >>> Festival de Curitiba 2010
A moda mais recente, depois da invenção da Flip, é a dos festivais literários. Escritores, editores, críticos e interessados, reunidos num único local ou numa única cidade, para viver e respirar literatura durante algumas horas ou alguns dias. Pode parecer estranho para quem não lê, mas a Flip lota Paraty todos os anos, a ponto de a cidade já ter ficado sem luz - no dia mais cheio - quando os literatos resolvem sair para jantar... Se a Flip começou nos anos 2000, o Festival de Teatro de Curitiba está chegando à sua 19ª edição em 2010. São, em meados de março, quase duas semanas dedicadas às artes cênicas, na capital paranaense. No reino da dança, por exemplo, o destaque vai ficar por conta da São Paulo Companhia de Dança (são grupos do Brasil inteiro e "de fora", também). Já no circo - não é o exorbitante "du Soleil" - o destaque fica por conta do Grupo Tholl (representante do "novo circo", ou do que quer que isso seja). Entre os musicais, no embalo do "Ano da França" ainda, Oui, Oui... A França é Aqui - A Revista do Ano, e revisitando o mestre Ariano Suassuna, A Farsa da Boa Preguiça. E por falar em comédia, ressurge Mário Bortolotto, com Música para Ninar Dinossauros. Também o italiano Dario Fo, um dos nobéis mais desconhecidos de literatura, com O Papa e a Bruxa. E, já separada de Gerald Thomas, a Companhia de Ópera Seca dá as caras comTravesties, de Tom Stoppard. Ainda, Produto, de Mark Ravenhill, um dos representantes da Generation ecstasy, e Dulcinea's Lament, direto do Canadá, homenageando Dom Quixote. Paulo Leminski igualmente ressurge com Vida e o Grupo Galpão viaja no tempo com Till, a saga de um herói torto. Nos dramas, Christiane Torloni dá o ar da graça em A Loba de Ray-Ban e Lygia Fagundes Telles, adaptada por Maria Adelaide Amaral, tem seu livro As Meninas encenado. Memória da Cana evocaÁlbum de Família de Nélson Rodrigues e Ana Cristina César é resgatada em Um Navio no Espaço. Bia Lessa retorna, depois de 5 anos, com Formas Breves, e Nosso Estranho Amor (não é o filme da Xuxa) se baseia nas novelas do recorrente Beckett. Os clássicos serão bem representados por Macbeth, com Renata Sorrah e Daniel Dantas. E os monólogos terão Beth Goulart em Simplesmente eu, Clarice Lispector. Fora tudo isso, o Fringe, uma arena para a experimentação livre, oferece 368 espetáculos nos 13 dias do Festival. Não é à toda que o de Curitiba é o maior do Brasil. E não seria mal se os nossos literatos flertassem, mais, com a velha e boa dramaturgia.
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