A ordem unida emanada da reunião da imprensa de direita promovida pelo Instituto Millenium (Folha, Abril, Globo etc.) em São Paulo no início de março é: destruir Lula em textos e imagens de forma sistemática e atingir seu poder de transferir votos. Um dos alvos, como se expôs, é o envolvimento de Lula na questão dos “direitos humanos em Cuba”. Mas as possibilidades são infinitas. Seguem-se dois exemplos recentes da mais elaborada prática da LTI pela Folha.
A Folha noticiou, na edição em papel de 15 de março de 2010, a publicação, pelo Centro e Pesquisa e Documentação de História Contemporânea , da FGV, da terceira e mais recente versão do “ Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”. Duas edições anteriores foram publicadas em papel em 1983 e 2001, esta em cinco volumes. A edição digital atual dá direito a acesso gratuito pela internet e traz 6.620 verbetes com biografias de personagens e temas relevantes da política nacional de 1930 a dias próximos aos atuais. Uma obra profissional essencial, atualizada e insubstituível para acadêmicos, estudiosos, pesquisadores, políticos, leitores e eleitores.
A notícia da Folha, em seus 36 cm de coluna de texto, na página A9, só aborda o tema do título: “Mensalão do PT é citado em dicionário da FGV”. O jornalista da sucursal do Rio autor da matéria (omito seu nome em respeito aos seus familiares) tem carreira promissora e garantida pela frente.
O outro exemplo é mais ardiloso, e a autoria, mais ilustre: artigo de fundo na página A3, área de Opinião, edição de 18 de março de 2010, assinado pela presidente da Associação Nacional de Jornais e diretora-superintendente da empresa que edita a Folha. O título é inocente: “Dois jornalistas”. Um deles é o recém-falecido Glauco, celebrado e digno cartunista e artista. O outro é o citado criminoso comum Guillermo Fariñas, agora transformado em “mártir da liberdade de expressão” em Cuba. Lá pelo meio do artigo, a parte esperada: “No entanto, a respeito da grave situação em Cuba, o presidente Lula declarou que as prisões são feitas com base na lei cubana [...]”. Podia-se ter evitado o uso do nome de Glauco para dar seguimento à operação da campanha suja.
A falsificação não é privilégio dos nazistas nem da LTI, que se espalha como tsunami pela imprensa nacional depois de dominar a grande mídia dos EUA. E, ao contrário da inteligência, sujeita a limites, a estupidez é ilimitada, omnipresente e eterna.
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