O apelo de uma candidatura que veio para ‘unir o Brasil’, embutido no discurso de José Serra, neste sábado, e embalado como ‘novidade nas manchetes dos jornalões, não poderia ser mais artificial. Primeiro, porque pretende tirar de Lula justamente o seu apanágio, um governo de livre transito entre vários setores da sociedade. Algo que até os adversários reconhecem e os empresários –para desgosto da esquerda— festejam. Segundo, porque esse traço de governo não está ancorado apenas na personalidade conciliatória do Presidente, mas decorre de avanços sociais e econômicos reais que, de fato, permitiram uma maior repartição da riqueza criando um sentido de pertencimento raro numa sociedade excludente. De onde os estrategistas do candidato demotucano pensam que vêm os 80% de popularidade de um governante atacado e hostilizado sem trégua pela mídia que os apóia? Terceiro, porque não poderia haver algo mais imiscível do que a idéia de ‘união’ e o prontuário arestoso de José Serra --um tucano rejeitado até por seus pares, famoso pela intolerância e a perseguição implacável a adversários e jornalistas; alguém cujo ferramental político sempre foi a ação soturna regada a dossiês e denúncias plantadas na mídia. Como, enfim, aquele que rachou o próprio partido para impor seu projeto personalista de poder, poderá convencer o Brasil que veio unir o país derrotando Lula?
(Carta Maior; 10-04)
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